São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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CONSUMO

Após fraco desempenho em setembro, lojas esperam avanço de 3% a 4,5%; ano pode registrar alta de 6% sobre 2004

Vendas da 1ª quinzena animam comércio

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi com certo alívio que o comércio de São Paulo recebeu os dados do desempenho das vendas na primeira quinzena deste mês -depois da decepção em setembro. Os resultados mostram, em relação ao mesmo período de 2004, expansão de 4,4% no volume de consultas ao sistema SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), termômetro das vendas a prazo na capital.
No caso do sistema Usecheque, balizador para as vendas à vista, a alta foi de 3% no período, um resultado positivo depois do tropeço em setembro, quando a variação foi negativa em 2,5%, segundo informou ontem a Associação Comercial de São Paulo.
Os sistemas da entidade são um sinalizador porque toda vez que uma loja faz uma operação de venda, ela pode consultar a base de dados da ACSP para verificar se o cliente está com a "ficha limpa" ou não.
A tendência é que os números do mês fechem nesse patamar: altas de 4% a 4,5% no indicador de vendas a prazo e de 3% no caso das vendas à vista.
Com isso, especialistas do setor já afastam o risco de repeteco do resultado do mês anterior e abre-se a possibilidade de que os planos de pagamento que o varejo colocou na praça no mês passado, para tentar vender mais, já estejam surtindo efeito. Lojas lançaram planos de pagamento em até 36 vezes, e até o pagamento da primeira parcela em dezembro.
"Daqui para a frente há maior possibilidade de expansão nessa taxa de crescimento, caso o comércio resolva repassar a queda na taxa básica de juros ao consumidor. Mas ainda acreditamos que uma mudança mesmo nos juros terá impacto só no ano que vem", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Para o ano, estima-se que o comércio de São Paulo cresça de 5% a 6% sobre 2004.
Nesta semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu de 19,5% para 19% a taxa básica de juros (Selic). Em setembro, ela já havia caído 0,25 ponto percentual, mas as lojas não repassaram a queda ao consumidor. A Selic é um balizador para o mercado.

Dados de inadimplência
Pelos dados da ACSP, na primeira quinzena deste mês o saldo entre registros recebidos e cancelados de contas em atraso foi de 16,1 mil na capital paulista. O número, que representa um "estoque" de débitos não-pagos, é menor que o de setembro (26 mil), assim como do de outubro de 2004 (20,3 mil).
Até o momento, os especialistas não conseguem enxergar razões que expliquem essa redução do calote nas primeiras semanas do mês. Os reajustes salariais de categorias de peso ainda não começaram a ser pagos -eles têm efeito direto nesse desempenho. A leve expansão da renda nos últimos meses pode ajudar a entender a redução no calote.
Outra explicação possível: aquela retração do mercado, percebida em setembro, pode ser o reflexo de um movimento de consumidores mais interessados em limpar o nome no mês seguinte -como ocorreu em outubro- do que em fazer compras.
Pelos dados da ACSP, houve aumento na inadimplência neste ano. A taxa líquida de inadimplência mensal, desde o início do ano, é superior à de 2004. Em julho, por exemplo, foi de 4,2%, contra 3,3% em julho de 2004. Em agosto, atingiu 4,7% -era de 3,9% no ano anterior. Já em setembro foi para 4,9% (em setembro de 2004, chegou a 4,4%).
A inadimplência líquida é a forma mais completa para se verificar esse resultado porque é a diferença entre entradas e saídas de contas em atraso dividida pelo volume total de operações de compra e venda no varejo.


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