São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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EM TRANSE

Técnicos vão recomendar a liberação da segunda parcela do socorro

Missão do FMI aprova contas e elogia o aumento nos juros

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) elogiou a decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros da economia e disse que vai recomendar à diretoria da instituição, em Washington, que aprove a avaliação do programa de ajuda ao país e libere a segunda parcela de US$ 3 bilhões do empréstimo concedido ao Brasil em agosto passado, no total de US$ 30 bilhões.
"A missão terminou as discussões com as autoridades do Brasil e vai recomendar ao Fundo Monetário que aprove a avaliação do programa", disse ontem o chefe da missão do FMI, o economista argentino Jorge Marquez-Ruarte.
Segundo ele, a diretoria do Fundo vai se reunir na segunda metade de dezembro "para dar sua aprovação" ao programa, quando o país deverá ter o direito de sacar a segunda parcela do empréstimo. A primeira parcela, também de US$ 3 bilhões, foi liberada em setembro. A liberação dos outros US$ 24 bilhões dependerá do cumprimento das metas trimestrais previstas no acordo.
Indagado sobre quais seriam os indicadores negativos, Ruarte disse que não havia "números especialmente problemáticos". Afirmou ainda que a "avaliação foi muito boa".
Ruarte disse ainda que a decisão do BC de aumentar os juros básicos -subiu de 21% ao ano para 22%- foi "altamente positiva". "O BC elevou as taxas de juros justamente para evitar que haja inflação", ressaltou.

Objetivos da missão
A missão veio ao Brasil para a primeira revisão trimestral do acordo. Os técnicos da missão chegaram ao país na segunda-feira da semana passada. Desde então, conversaram com os ministros Pedro Malan (Fazenda), Guilherme Dias (Planejamento) e José Cechin (Previdência Social) e suas respectivas equipes.
Estiveram também com o presidente do BC, Armínio Fraga, diretores da instituição e com integrantes da equipe de transição do governo eleito. Ao longo das duas semanas, coletaram dados sobre a economia brasileira.
A principal meta de desempenho prevista no acordo, que define se o país pode ou não sacar as parcelas do empréstimo, foi cumprida com folga. O Brasil precisava gerar superávit primário (economia de receitas para o pagamento de juros da dívida) de R$ 41 bilhões no acumulado de janeiro a setembro deste ano. No período, a economia feita pelo país foi de R$ 47,6 bilhões.
Nesta revisão o FMI não exigiu aumento da meta de superávit para 2003, equivalente a 3,75% do PIB. As discussões sobre a necessidade de aumentar ou não a meta ficaram para fevereiro de 2003, quando ocorrerá a segunda revisão do acordo, já com a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.


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