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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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REAÇÃO

Controle da inflação e início da recuperação do emprego também ajudam na revisão para cima das projeções relativas a 2004

Juros menores elevam previsões para o PIB

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os economistas decidiram rever para cima as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2004 por causa das quedas sucessivas dos juros, do controle da inflação e de uma recuperação -ainda que tímida- do emprego em alguns setores.
Nas projeções mais recentes de economistas consultados pela Folha, o PIB deve crescer entre 3% e 4% no ano que vem. Alguns falam em até 4,5%. Há duas semanas, esse número não passava de 3,7%. Se crescer ao redor de 4%, como alguns esperam, o país vai registrar no ano que vem desempenho parecido ao de 2000 -um dos melhores resultados desde 1990.
"O Brasil vive um momento especial. O cenário internacional está mais favorável e o mercado interno está se recuperando", afirma José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio, que prevê um crescimento entre 4% e 4,5% do PIB brasileiro em 2004.
"A atividade econômica está crescendo mais rapidamente do que se previa. Por isso esperamos um melhor resultado para o país", afirma Fernando Montero, economista da Tendências Consultoria. Há um mês, a consultoria previa 3% e agora projeta 4%.
A LCA reviu sua estimativa de 3,3% para 3,5%, especialmente por conta de uma melhora no desempenho dos setores de bens de consumo duráveis, como carros e eletrodomésticos, e de bens de capital, como máquinas. "Só não estamos projetando um número maior do que 3,5% porque ainda não sabemos como será feita a correção do Imposto de Renda, das tarifas telefônicas e das mensalidades escolares", diz Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores.
Edgard Pereira, economista da Unicamp, mantém sua previsão anterior de crescimento de 3,5% do PIB para 2004. Sua estimativa já era mais otimista que a maioria dos demais economistas, em razão da política de redução de juros iniciada em junho. Na sua análise, para que o PIB cresça mais do que 3,5%, a renda do trabalhador também tem de subir.
Os economistas dizem que a queda da inflação é outro fator que tem efeito positivo sobre o crescimento, já que possibilita menor corrosão dos salários.
Fábio Silveira, economista da F Silveira Consultoria, diz que a projeção de crescimento de 3% em 2004 "está de bom tamanho" porque ainda há dúvidas sobre o consumo após o Natal.
Apesar de alguns setores da economia terem mostrado sucessivos aumentos de vendas, como a indústria de papelão ondulado - considerada um dos termômetros da economia porque fornece embalagens para a indústria -, há dúvidas se essa retomada vai ou não se manter em 2004.
"Qual é o patamar de juros que o governo pretende manter? Como o consumidor e as empresas vão reagir? Investimentos em infra-estrutura vão voltar? São questões que devem ser respondidas antes de prever uma expansão maior do PIB", diz Silveira.
Alguns dados ainda confundem os economistas, como os de vendas no comércio e os de intenção de compra. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo, por exemplo, ainda não constatou aumento no consumo. Em outubro, o faturamento real das lojas caiu 10,7 % sobre igual mês de 2002. De janeiro a outubro, a queda foi de 3,3%.
A federação também verificou que os consumidores continuam pessimistas. Em novembro, o Índice de Intenções do Consumidor (IIC) caiu 0,9% sobre o de outubro e de 3% sobre o de novembro de 2002. Numa escala de zero a 200, o índice foi de 98,61, o segundo pior resultado do ano.
Ao mesmo tempo, alguns economistas entendem que o pagamento da primeira parcela do 13º salário no fim deste mês e os reajustes salariais de algumas categorias importantes, como metalúrgicos e bancários, podem estimular o consumo neste final do ano.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou, na primeira quinzena deste mês, aumento nas consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), indicador das vendas a prazo, e ao Usecheque, termômetro das vendas à vista. Mas entende que o que tá puxando o consumo é o crédito mais barato e farto.


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