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REAÇÃO
Controle da inflação e início da recuperação do emprego também ajudam na revisão para cima das projeções relativas a 2004
Juros menores elevam previsões para o PIB
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os economistas decidiram rever
para cima as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto) para 2004 por causa das
quedas sucessivas dos juros, do
controle da inflação e de uma recuperação -ainda que tímida-
do emprego em alguns setores.
Nas projeções mais recentes de
economistas consultados pela Folha, o PIB deve crescer entre 3% e
4% no ano que vem. Alguns falam
em até 4,5%. Há duas semanas,
esse número não passava de 3,7%.
Se crescer ao redor de 4%, como
alguns esperam, o país vai registrar no ano que vem desempenho
parecido ao de 2000 -um dos
melhores resultados desde 1990.
"O Brasil vive um momento especial. O cenário internacional está mais favorável e o mercado interno está se recuperando", afirma José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio, que
prevê um crescimento entre 4% e
4,5% do PIB brasileiro em 2004.
"A atividade econômica está
crescendo mais rapidamente do
que se previa. Por isso esperamos
um melhor resultado para o país",
afirma Fernando Montero, economista da Tendências Consultoria. Há um mês, a consultoria previa 3% e agora projeta 4%.
A LCA reviu sua estimativa de
3,3% para 3,5%, especialmente
por conta de uma melhora no desempenho dos setores de bens de
consumo duráveis, como carros e
eletrodomésticos, e de bens de capital, como máquinas. "Só não estamos projetando um número
maior do que 3,5% porque ainda
não sabemos como será feita a
correção do Imposto de Renda,
das tarifas telefônicas e das mensalidades escolares", diz Francisco Pessoa Faria, economista da
LCA Consultores.
Edgard Pereira, economista da
Unicamp, mantém sua previsão
anterior de crescimento de 3,5%
do PIB para 2004. Sua estimativa
já era mais otimista que a maioria
dos demais economistas, em razão da política de redução de juros iniciada em junho. Na sua
análise, para que o PIB cresça
mais do que 3,5%, a renda do trabalhador também tem de subir.
Os economistas dizem que a
queda da inflação é outro fator
que tem efeito positivo sobre o
crescimento, já que possibilita
menor corrosão dos salários.
Fábio Silveira, economista da F
Silveira Consultoria, diz que a
projeção de crescimento de 3%
em 2004 "está de bom tamanho"
porque ainda há dúvidas sobre o
consumo após o Natal.
Apesar de alguns setores da economia terem mostrado sucessivos aumentos de vendas, como a
indústria de papelão ondulado -
considerada um dos termômetros da economia porque fornece
embalagens para a indústria -,
há dúvidas se essa retomada vai
ou não se manter em 2004.
"Qual é o patamar de juros que
o governo pretende manter? Como o consumidor e as empresas
vão reagir? Investimentos em infra-estrutura vão voltar? São
questões que devem ser respondidas antes de prever uma expansão
maior do PIB", diz Silveira.
Alguns dados ainda confundem
os economistas, como os de vendas no comércio e os de intenção
de compra. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo,
por exemplo, ainda não constatou aumento no consumo. Em
outubro, o faturamento real das
lojas caiu 10,7 % sobre igual mês
de 2002. De janeiro a outubro, a
queda foi de 3,3%.
A federação também verificou
que os consumidores continuam
pessimistas. Em novembro, o Índice de Intenções do Consumidor
(IIC) caiu 0,9% sobre o de outubro e de 3% sobre o de novembro
de 2002. Numa escala de zero a
200, o índice foi de 98,61, o segundo pior resultado do ano.
Ao mesmo tempo, alguns economistas entendem que o pagamento da primeira parcela do 13º
salário no fim deste mês e os reajustes salariais de algumas categorias importantes, como metalúrgicos e bancários, podem estimular o consumo neste final do ano.
A Associação Comercial de São
Paulo (ACSP) registrou, na primeira quinzena deste mês, aumento nas consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), indicador das vendas a prazo, e ao
Usecheque, termômetro das vendas à vista. Mas entende que o que
tá puxando o consumo é o crédito mais barato e farto.
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