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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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Acordo foi como "sonhávamos", diz Lula

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Um dia depois de encerrada a oitava reunião ministerial sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que viu com "alegria" o fato de o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) ter deixado claro, em Miami (sede do encontro), que o Brasil iniciará as negociações em torno da formação da Alca de maneira flexível e equilibrada.
"Hoje [ontem], foi com alegria que eu vi o meu ministro Celso Amorim fazendo aquilo com que nós sonhávamos: fazer a Alca apenas naquilo que é possível, e o restante vamos brigar na OMC [Organização Mundial do Comércio]", disse em evento sobre a reforma agrária, em Brasília.
O presidente afirmou que não irá vetar a negociação de nenhum país, ressaltando a defesa da agricultura e da indústria brasileira. "As coisas que nos interessam vamos lá, onde tivermos que brigar. E não queremos impedir nenhum país de negociar. Cada um negocia o que quiser", em referência à Alca flexível que tem sido defendida pelo país.
Na reunião de Miami, onde Brasil e EUA acordaram uma trégua, Amorim voltou a defender a necessidade de se respeitarem as "sensibilidades" de cada país -referência à defesa do suco de laranja e do açúcar na Flórida (símbolo do protecionismo agrícola americano)- e de acesso ao mercado americano, com queda das tarifas de importação.
Em 11 meses de governo, Lula disse que conseguiu fazer nas relações exteriores "o que pouca gente neste mundo acreditava que fosse possível". Segundo ele, o Brasil ajudou a construir um projeto para a América do Sul.
Ele explicou: "Não porque o Brasil quer ter uma relação hegemônica com qualquer país. O Brasil quer ter uma relação de parceria, respeitando aqueles que têm a economia mais fraca do que a nossa, sendo solidário e contribuindo até para fazer investimentos naqueles países."
Sobre a criação do G3 (Brasil, África do Sul e Índia), o presidente disse que "foi um passo excepcional". E disse querer mais: "Queremos a África do Sul, a Índia, a China e a Rússia para que a gente tenha, num bloco, mais o G20, mais da metade da população mundial".
Num discurso de 32 minutos, com metade dele destinado à atuação internacional do governo, Lula afirmou que deseja um "comércio exterior igualitário", e não "afrontar os Estados Unidos ou a União Européia". "Nós não queremos afrontar ninguém, apenas ser respeitados. E eu faço questão de dizer: Respeito é bom. Eu dou e gosto de receber. E é por isso que nós estamos construindo uma força política alternativa."


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