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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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País quer compensação dos EUA na agricultura

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil quer compensações comerciais dos EUA na área agrícola devido à intransigência norte-americana de não negociar na Alca subsídios internos ao setor, disse ontem o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
"O Brasil está colocando que, se não pode ser tratado o tema dos subsídios domésticos agrícolas na Alca, então precisam ser oferecidas compensações na área agrícola", disse Rodrigues em entrevista por telefone. O ministro, que ainda estava em Miami, participou da Ministerial da Alca.
Segundo ele, há dois mecanismos que poderão compensar a negativa americana: redução de tarifas e elevação de cotas para os produtos nos quais o Brasil é competitivo. O país quer maiores cotas de exportação para o açúcar, o metanol e carnes. No caso das tarifas, a principal reivindicação é para o suco de laranja.
O raciocínio das compensações, no entanto, pode ser usado contra o próprio Brasil. O governo Lula resolveu que negociará apenas de forma superficial alguns temas considerados centrais para os americanos, como compras governamentais, regras para investimentos e propriedade intelectual.
Embora a compensação cobrada dos EUA seja no mesmo setor em que os americanos têm pretensões menos ambiciosas que o Brasil, pode haver influências entre os benefícios que um país consegue num tema e o que oferece em outro. Por exemplo, os americanos podem exigir do país concessões mais abrangentes em compras governamentais para conceder as compensações na área agrícola. "Não se pode imaginar que os setores são estanques. É tudo um vaso comunicante", disse Rodrigues, para quem, na Alca, "receberá quem der".
Segundo ele, a reunião de Miami permitiu que o prazo de conclusão das negociações, início de 2005, voltasse a ser realidade. Mas disse que "não existe certeza de que esse sonho [o nível de ambição máximo] vai se transformar em realidade". (ANDRÉ SOLIANI)


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