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País quer compensação dos EUA na agricultura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil quer compensações comerciais dos EUA na área agrícola
devido à intransigência norte-americana de não negociar na Alca subsídios internos ao setor, disse ontem o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
"O Brasil está colocando que, se
não pode ser tratado o tema dos
subsídios domésticos agrícolas na
Alca, então precisam ser oferecidas compensações na área agrícola", disse Rodrigues em entrevista
por telefone. O ministro, que ainda estava em Miami, participou
da Ministerial da Alca.
Segundo ele, há dois mecanismos que poderão compensar a
negativa americana: redução de
tarifas e elevação de cotas para os
produtos nos quais o Brasil é
competitivo. O país quer maiores
cotas de exportação para o açúcar, o metanol e carnes. No caso
das tarifas, a principal reivindicação é para o suco de laranja.
O raciocínio das compensações,
no entanto, pode ser usado contra
o próprio Brasil. O governo Lula
resolveu que negociará apenas de
forma superficial alguns temas
considerados centrais para os
americanos, como compras governamentais, regras para investimentos e propriedade intelectual.
Embora a compensação cobrada dos EUA seja no mesmo setor
em que os americanos têm pretensões menos ambiciosas que o
Brasil, pode haver influências entre os benefícios que um país consegue num tema e o que oferece
em outro. Por exemplo, os americanos podem exigir do país concessões mais abrangentes em
compras governamentais para
conceder as compensações na
área agrícola. "Não se pode imaginar que os setores são estanques.
É tudo um vaso comunicante",
disse Rodrigues, para quem, na
Alca, "receberá quem der".
Segundo ele, a reunião de Miami permitiu que o prazo de conclusão das negociações, início de
2005, voltasse a ser realidade. Mas
disse que "não existe certeza de
que esse sonho [o nível de ambição máximo] vai se transformar
em realidade".
(ANDRÉ SOLIANI)
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