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São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Sem taxa de administração e isenta de IR, caderneta fica mais atraente, mas governo deverá reduzir a TR

Poupança pode superar fundo DI e renda fixa

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A rentabilidade de fundos DI e de renda fixa com taxas altas de administração deve se igualar ou até perder da caderneta de poupança, se confirmada a queda de juros em 2004. Se isso ocorrer, dizem consultores, o governo poderá reduzir o retorno da poupança.
Na comparação com a caderneta, os fundos têm a desvantagem de ter, além das taxas de administração, o desconto mensal de 20% de imposto de renda. Com a expectativa de que a taxa de juros básica, a Selic, estará entre 14% e 15% no fim de 2004, os ganhos nesses fundos tendem a cair.
"A poupança deve render perto dos 7%, e um fundo com alta taxa de administração vai render o mesmo, senão menos", afirma William Eid Junior, da Fundação Getúlio Vargas.
Veja no quadro como, excluídas a taxa de administração e a cobrança de impostos, sobra pouco ou nenhum ganho em relação à poupança, dependendo de quanto o fundo cobra para gerir o dinheiro. O exemplo é de um fundo DI, que tende a render aproximadamente a média da Selic.
Fundos de renda fixa rendem de meio ponto percentual a um ponto percentual acima de uma carteira do DI. No exemplo, daria de 11,30% a 11,80%, dependendo do prazo de seus títulos. Esses fundos buscam superar o CDI/Selic, normalmente com taxa prefixada. Ganham quando os juros caem.
A partir de taxa de administração de 4% a 4,5%, o fundo começa a perder para a poupança, diz Paulo Caricatti, do Citigroup Asset Management. A poupança não deve voltar a oferecer ganho de 10,40%, como neste ano. Com a queda da Selic, a taxa referencial (TR) que atualiza a caderneta cede, por ter componente de juros. Essa queda na rentabilidade era esperada, segundo gestores. "Neste ano, os ganhos foram anormais porque as taxas prefixadas caíram", diz Caricatti.
"As distorções começam a se corrigir. Pela necessidade de financiamento, títulos públicos sempre remuneraram muito bem, mesmo com risco baixo", diz Eduardo Castro, do ABN Amro Asset Management. "O retorno real do DI ficou em torno de 12%, 13% anuais nos últimos anos."
Os fundos não cortariam taxas para competir com a poupança porque elas já caíram, segundo gestores. Para eles, o redutor da poupança é que teria de cair.
"Poupança mais rentável que fundo é uma anomalia que o BC não permitirá", diz Márcia Dessen, consultora. A TR corrige ainda dívidas de financiamento da casa própria. "É improvável que o governo prejudique o mutuário."
Para ter maior rentabilidade, o cliente terá que correr mais riscos. Se não tolerar perdas, porém, consultores recomendam ficar no DI; se precisar logo do dinheiro, melhor a renda fixa.


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