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MERCADO FINANCEIRO
Sem taxa de administração e isenta de IR, caderneta fica mais atraente, mas governo deverá reduzir a TR
Poupança pode superar fundo DI e renda fixa
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A rentabilidade de fundos DI e
de renda fixa com taxas altas de
administração deve se igualar ou
até perder da caderneta de poupança, se confirmada a queda de
juros em 2004. Se isso ocorrer, dizem consultores, o governo poderá reduzir o retorno da poupança.
Na comparação com a caderneta, os fundos têm a desvantagem
de ter, além das taxas de administração, o desconto mensal de 20%
de imposto de renda. Com a expectativa de que a taxa de juros
básica, a Selic, estará entre 14% e
15% no fim de 2004, os ganhos
nesses fundos tendem a cair.
"A poupança deve render perto
dos 7%, e um fundo com alta taxa
de administração vai render o
mesmo, senão menos", afirma
William Eid Junior, da Fundação
Getúlio Vargas.
Veja no quadro como, excluídas
a taxa de administração e a cobrança de impostos, sobra pouco
ou nenhum ganho em relação à
poupança, dependendo de quanto o fundo cobra para gerir o dinheiro. O exemplo é de um fundo
DI, que tende a render aproximadamente a média da Selic.
Fundos de renda fixa rendem de
meio ponto percentual a um ponto percentual acima de uma carteira do DI. No exemplo, daria de
11,30% a 11,80%, dependendo do
prazo de seus títulos. Esses fundos
buscam superar o CDI/Selic, normalmente com taxa prefixada.
Ganham quando os juros caem.
A partir de taxa de administração de 4% a 4,5%, o fundo começa
a perder para a poupança, diz
Paulo Caricatti, do Citigroup Asset Management. A poupança
não deve voltar a oferecer ganho
de 10,40%, como neste ano. Com
a queda da Selic, a taxa referencial
(TR) que atualiza a caderneta cede, por ter componente de juros.
Essa queda na rentabilidade era
esperada, segundo gestores.
"Neste ano, os ganhos foram
anormais porque as taxas prefixadas caíram", diz Caricatti.
"As distorções começam a se
corrigir. Pela necessidade de financiamento, títulos públicos
sempre remuneraram muito
bem, mesmo com risco baixo",
diz Eduardo Castro, do ABN Amro Asset Management. "O retorno
real do DI ficou em torno de 12%,
13% anuais nos últimos anos."
Os fundos não cortariam taxas
para competir com a poupança
porque elas já caíram, segundo
gestores. Para eles, o redutor da
poupança é que teria de cair.
"Poupança mais rentável que
fundo é uma anomalia que o BC
não permitirá", diz Márcia Dessen, consultora. A TR corrige ainda dívidas de financiamento da
casa própria. "É improvável que o
governo prejudique o mutuário."
Para ter maior rentabilidade, o
cliente terá que correr mais riscos.
Se não tolerar perdas, porém,
consultores recomendam ficar no
DI; se precisar logo do dinheiro,
melhor a renda fixa.
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