São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2007

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Área de lavoura cresce 83% em dez anos

Plantações ganham espaço de pastagens nas propriedades rurais; fronteira agrícola se expande sobre floresta no Norte

País tinha no ano passado 1,2 bilhão de aves e 169 milhões de bovinos, diz Censo Agropecuário há muito aguardado pelo setor

PEDRO SOARES
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

As propriedades rurais brasileiras passaram a destinar porção maior de suas terras para as lavouras, enquanto reduziram a área da pecuária. É o que revelam os primeiros dados divulgados do Censo Agropecuário pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em todo o país, a área de lavouras cresceu 83,5% de 1996 para 2006. Já os pastos caíram 3% no mesmo intervalo.
O Censo é muito aguardado pelo setor para mapear as enormes mudanças na agropecuária desde o último levantamento, de 1996. A falta de informações dificultava a tomada de decisões dos investidores.
Segundo o coordenador do Censo Agropecuário, Antonio Carlos Florido, o avanço tecnológico foi decisivo para o processo de realocação do uso do solo no país. "Hoje, a criação de gado é muito mais eficiente. É preciso uma área menor de pastagens", disse. Da área total das propriedades, 50,3% eram de pastos em 1996. O percentual baixou para 48,6% em 2006. No caso das lavouras, subiu de 11,8% para 28,1%.
Mesmo com a crescente mecanização das lavouras, diz Florido, as áreas voltadas para o plantio cresceram com a expansão da fronteira agrícola, especialmente no Norte e no Centro-Oeste do país.
Na região Norte, as áreas de lavouras aumentaram 275,6% de 1996 a 2006. O uso da terra para a produção de grãos e outros tipos de plantio ainda é relativamente baixo, mas saltou de 3,4% da área total das propriedades rurais em 1996 para 11% dez anos mais tarde.
No Centro-Oeste, passou de 6,1% para 12,9%. Nas demais regiões, também houve alta. No Sul, chegou a 39,4% em 2006.
"Houve um avanço da fronteira agrícola para a região Norte, e o que os números indicam é que as lavouras passaram a ocupar o espaço das florestas."
Segundo o IBGE, a proporção de áreas das propriedades rurais destinadas às matas e florestas na região Norte caiu de 44,1% para 39%. Considerando todo o país, o percentual subiu de 26,7% para 28,1%.
De 1996 a 2006, as matas e florestas nas propriedades agropecuárias subiram 6% e chegaram a 99,9 milhões de hectares. Não foram contabilizadas reservas naturais, parques e reservas indígenas.
Na repartição do solo brasileiro, a maior parte das áreas ocupadas é reservada às pastagens: 172,3 milhões de hectares, seguido por matas e lavouras (76,7 milhões de hectares).
Segundo Florido, os dados de florestas correspondem tanto às matas nativas quanto às reflorestadas -utilizadas para produção de toras de madeira, carvão e celulose. No Norte e Centro-Oeste, a maior parte é original. No Sul e Sudeste, predomina o reflorestamento com fins comerciais, diz o IBGE.
O plantel brasileiro de aves teve crescimento agudo nos dez anos, de 73,2%, chegando a 1,244 bilhão. Já o rebanho de bovinos cresceu 11% e atingiu 169 milhões de cabeças. Florido disse, porém, que esse número deve aumentar, pois 3.000 grandes pecuaristas não foram ouvidos ainda pelo IBGE porque vivem longe das fazendas onde criam gado.
"O total deve chegar perto de 180 milhões. É possível que tenhamos um boi para cada habitante", afirmou Florido. Já o contingente de suínos subiu 14,9% e somou 31,9 milhões.
Nessa primeira divulgação, o IBGE não informou os dados sobre a produção agrícola.


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