São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Crise desperta interesse por ativos de Estados e municípios

A crise econômica aumentou o interesse por investimentos em ativos de Estados e municípios. Com a instabilidade nos mercados financeiros, os investidores estão em busca de novas oportunidades. Já os gestores públicos podem procurar antecipar suas receitas para compensar a queda na arrecadação provocada pela crise.
A análise é de Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, que fez recentemente um levantamento dos ativos financeiros -dívida ativa, precatórios e royalties- de 2.127 municípios brasileiros, 26 Estados e o Distrito Federal, a pedido de dois bancos de investimento estrangeiros.
O volume total de ativos registrado foi de R$ 363,2 bilhões. A dívida ativa representa 86,7% desse montante -R$ 315 bilhões. Os precatórios somam R$ 40,8 bilhões em ativos -74% deles são créditos estaduais. Já os royalties acumulam R$ 7,2 bilhões e quase 60% deles são créditos municipais.
Segundo Agostini, os entes públicos podem antecipar essas receitas criando produtos financeiros com esses ativos para colocar no mercado. O economista-chefe da Austin ressalta que já há casos em que isso foi feito no Brasil, mas a modalidade de investimento não é comum no país.
Para Agostini, esses investimentos, que já recebem a classificação de "investimentos exóticos" por alguns bancos, ganham força com os avanços na qualidade da gestão pública provocados pela adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal, no ano 2000.
O economista-chefe da Austin ressalta que os entes públicos que optarem por oferecer esses ativos aos investidores precisarão profissionalizar a gestão pública. "Cada vez mais a figura do gestor público está em evidência e a do político em extinção", afirma.
Municípios como Jundiaí, São Caetano do Sul e Guarulhos já procuraram a Austin para receber uma avaliação dos ativos. Para Agostini, o mercado vai selecionar os melhores ativos para investir. "Haverá muita seleção. Os investidores vão querer ficar com o filão."

CERÂMICA
O setor de cerâmica para revestimentos já espera um crescimento menor no próximo ano. A Anfacer (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos) registrou um crescimento total de 9,3% nas vendas, alavancadas por um aumento de 14% no mercado interno. Mas, para 2009, a expectativa é de uma expansão de apenas 3,6%. "Ao contrário do que ocorreu em 2008, o setor deve ter um crescimento de cerca de 15% em exportações, em função do câmbio e de ações de promoção comercial em novos nichos de mercado. No mercado interno, a projeção é que acompanhemos o PIB nacional, que deve crescer 2%", afirma o superintendente da Anfacer, Antonio Carlos Kieling.

COMPRAS EM VISTA
Marcio Bueno, ex-secretário da Habitação de SP, será consultor especial do escritório Suchodolski Advogados Associados. Ele entra para fortalecer os serviços de consultoria jurídica para compra e venda de empresas do setor imobiliário.

CIRCULANDO
Paulo Rogério Magalhães deixou o comando da GME4, empresa que atua na área de pesquisa e comercialização de ativos minerais, para tocar projetos pessoais. Magalhães foi presidente do Metrô Rio e dirigiu a Brasil Telecom.

MALA PRONTA
A Caixa Econômica Federal apresentou os resultados dos investimentos feitos pelo banco no trade turístico em 2008. Até novembro deste ano, foi aplicado R$ 1,3 bilhão, aumento de 45% na comparação com o mesmo período do ano passado. No total do crédito concedido desde o início da participação da Caixa no Conselho Nacional do Turismo, em 2003, os recursos ultrapassam R$ 4,4 bilhões. Em relação ao somatório de crédito concedido pelas instituições financeiras oficiais, a Caixa Econômica detém 39% do setor, um aumento de 17 pontos percentuais em relação ao resultado alcançado em 2003.

DENTRO DE CASA
Otávio de Magalhães Coutinho Vieira, diretor de investimentos da Safdié Private Banking, revisou as estratégias diante da crise. A Safdié reduziu os investimentos em fundos multimercados e intensificou a gestão própria das carteiras. Vieira destaca os investimentos em ativos atrelados aos índices de inflação como um dos focos da empresa neste ano. Para 2009, a Safdié está de olho nos títulos pré-fixados de longo prazo. "O Banco Central vai derrubar os juros em algum momento."

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI



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