São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Obama planeja pacote maior do que socorro a Wall Street

Plano custará entre US$ 675 bi e US$ 775 bi e criará 3 milhões de empregos

Presidente eleito deve receber esboço no dia 2, Congresso começa votação no dia 6 e democrata quer assinar medida no dia 20

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, sua equipe econômica e os líderes democratas no Congresso colocam os últimos detalhes num plano de estímulo à economia norte-americana cujo custo final ficará entre US$ 675 bilhões e US$ 775 bilhões. O valor será gasto em dois anos.
Na hipótese mais alta, a ajuda é maior do que o resgate a Wall Street aprovado pelo Legislativo norte-americano em outubro, de US$ 700 bilhões, por sua vez o maior da história dos Estados Unidos, e do qual o Tesouro já gastou a metade. Equivale também a aproximadamente meio PIB do Brasil e a cerca de 5% do PIB dos EUA.
Batizado de Plano de Recuperação Econômica, revisa para cima também a meta de criação de empregos, agora estimada em 3 milhões de vagas. O número, que era de 1 milhão durante a campanha, havia passado a 2,5 milhões em novembro.
O aumento deve-se à constatação do governo de transição de que a situação do país é mais grave do que se esperava. Segundo cálculos da equipe de Obama, os EUA podem perder até 4 milhões de vagas em 2009, levando o índice de desemprego para 9%. Hoje, está em 6,7%, o maior em 15 anos, após salto em novembro, quando o país perdeu 533 mil vagas, a maior queda desde 1974.
Ontem, em sua primeira entrevista depois de eleito, o vice de Obama, Joe Biden, confirmou os temores. "A economia está em condições muito piores do que pensávamos", disse. Para ele, seja qual for o valor do novo pacote, "está muito claro que será um número que ninguém pensava há um ano. Toda pessoa com quem falo concorda" em relação ao pessimismo.
Obama descansa com a família, desde sábado, no Havaí. A idéia é que ele tenha o esboço do plano em mãos quando voltar a Chicago, no dia 2 de janeiro, que os líderes de seu partido já o apresentem ao novo Congresso no dia da posse do Legislativo, em 6 de janeiro, e que ele assine a medida no dia de sua posse, 14 dias depois.
A principal preocupação do democrata é com a criação de empregos. A revisão da meta foi proposta depois de quadro pessimista apresentado na terça-feira, em reunião fechada em Chicago, por Christina Romer, que será a chefe do Conselho de Assessores Econômicos da nova administração. O encontro durou quatro horas.

Até US$ 1,3 trilhão
Já o pacote de estímulo começou em US$ 100 bilhões, mas viu seu valor crescer com a deterioração no último trimestre. Há economistas que pedem um estímulo de até US$ 1,3 trilhão. "Meu conselho é errar pelo excesso", disse Mark Zandi, da Moody's, em entrevista ao "New York Times" -o serviço on-line do jornal foi o primeiro a publicar sábado os valores.
Os US$ 675 bilhões a US$ 775 bilhões com que os obamistas trabalham, no entanto, parecem ser o limite de segurança para que a medida não seja rejeitada pela oposição republicana. Os democratas terão maioria nas duas Casas do Congresso, mas não conseguiram a maioria à prova de obstrução no Senado, o que dificultará as coisas se a liderança republicana não der seu aval ao pacote.
Os valores devem variar conforme o pacote avance nas duas Casas. "Não se pode encarar isso apenas como um jogo de números", disse Lawrence Summers, futuro diretor do Conselho Econômico nacional de Obama. "Vai depender da qualidade dos programas de gastos que pudermos identificar."
Os gastos se concentram em ajuda a desempregados e a trabalhadores de baixa renda e em investimentos em educação, energia, saúde e infra-estrutura. Os empregos viriam principalmente do último setor, no qual Obama promete o maior investimento desde os anos 50.
Mas novos detalhes sobre a utilização do dinheiro vieram a público, também. Cerca de US$ 150 bilhões iriam para suspensão ou eliminação de IR na fonte para assalariados de baixa renda. Outros US$ 100 bilhões, em empréstimos para Estados e municípios continuarem seus programas de assistência pública. Outros US$ 140 bilhões iriam para cortes de empréstimos para a classe média (leia abaixo). A infra-estrutura ficaria com US$ 350 bilhões.


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