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Obama planeja pacote maior do que socorro a Wall Street
Plano custará entre US$ 675 bi e US$ 775 bi e criará 3 milhões de empregos
Presidente eleito deve receber esboço no dia 2, Congresso começa votação no dia 6 e democrata quer assinar medida no dia 20
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, sua
equipe econômica e os líderes
democratas no Congresso colocam os últimos detalhes num
plano de estímulo à economia
norte-americana cujo custo final ficará entre US$ 675 bilhões e US$ 775 bilhões. O valor
será gasto em dois anos.
Na hipótese mais alta, a ajuda
é maior do que o resgate a Wall
Street aprovado pelo Legislativo norte-americano em outubro, de US$ 700 bilhões, por
sua vez o maior da história dos
Estados Unidos, e do qual o Tesouro já gastou a metade. Equivale também a aproximadamente meio PIB do Brasil e a
cerca de 5% do PIB dos EUA.
Batizado de Plano de Recuperação Econômica, revisa para cima também a meta de criação de empregos, agora estimada em 3 milhões de vagas. O número, que era de 1 milhão durante a campanha, havia passado a 2,5 milhões em novembro.
O aumento deve-se à constatação do governo de transição
de que a situação do país é mais
grave do que se esperava. Segundo cálculos da equipe de
Obama, os EUA podem perder
até 4 milhões de vagas em
2009, levando o índice de desemprego para 9%. Hoje, está
em 6,7%, o maior em 15 anos,
após salto em novembro, quando o país perdeu 533 mil vagas,
a maior queda desde 1974.
Ontem, em sua primeira entrevista depois de eleito, o vice
de Obama, Joe Biden, confirmou os temores. "A economia
está em condições muito piores
do que pensávamos", disse. Para ele, seja qual for o valor do
novo pacote, "está muito claro
que será um número que ninguém pensava há um ano. Toda
pessoa com quem falo concorda" em relação ao pessimismo.
Obama descansa com a família, desde sábado, no Havaí. A
idéia é que ele tenha o esboço
do plano em mãos quando voltar a Chicago, no dia 2 de janeiro, que os líderes de seu partido
já o apresentem ao novo Congresso no dia da posse do Legislativo, em 6 de janeiro, e que ele
assine a medida no dia de sua
posse, 14 dias depois.
A principal preocupação do
democrata é com a criação de
empregos. A revisão da meta foi
proposta depois de quadro pessimista apresentado na terça-feira, em reunião fechada em
Chicago, por Christina Romer,
que será a chefe do Conselho de
Assessores Econômicos da nova administração. O encontro
durou quatro horas.
Até US$ 1,3 trilhão
Já o pacote de estímulo começou em US$ 100 bilhões,
mas viu seu valor crescer com a
deterioração no último trimestre. Há economistas que pedem
um estímulo de até US$ 1,3 trilhão. "Meu conselho é errar pelo excesso", disse Mark Zandi,
da Moody's, em entrevista ao
"New York Times" -o serviço
on-line do jornal foi o primeiro
a publicar sábado os valores.
Os US$ 675 bilhões a US$ 775
bilhões com que os obamistas
trabalham, no entanto, parecem ser o limite de segurança
para que a medida não seja rejeitada pela oposição republicana. Os democratas terão
maioria nas duas Casas do Congresso, mas não conseguiram a
maioria à prova de obstrução
no Senado, o que dificultará as
coisas se a liderança republicana não der seu aval ao pacote.
Os valores devem variar conforme o pacote avance nas duas
Casas. "Não se pode encarar isso apenas como um jogo de números", disse Lawrence Summers, futuro diretor do Conselho Econômico nacional de
Obama. "Vai depender da qualidade dos programas de gastos
que pudermos identificar."
Os gastos se concentram em
ajuda a desempregados e a trabalhadores de baixa renda e em
investimentos em educação,
energia, saúde e infra-estrutura. Os empregos viriam principalmente do último setor, no
qual Obama promete o maior
investimento desde os anos 50.
Mas novos detalhes sobre a
utilização do dinheiro vieram a
público, também. Cerca de US$
150 bilhões iriam para suspensão ou eliminação de IR na fonte para assalariados de baixa
renda. Outros US$ 100 bilhões,
em empréstimos para Estados
e municípios continuarem seus
programas de assistência pública. Outros US$ 140 bilhões
iriam para cortes de empréstimos para a classe média (leia
abaixo). A infra-estrutura ficaria com US$ 350 bilhões.
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