São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Mercado para baixa renda deverá crescer com a crise

Empresários apostam em nova redução recorde no déficit habitacional em 2008

Desaceleração deve frear investimentos das classes média e alta em 2009, mas não da baixa, que compra imóvel por necessidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Não haverá crise para o segmento de baixa renda em 2009, apostam empresários do setor imobiliário. A redução histórica de 9,5% no déficit habitacional em 2007 deve se repetir -até de forma mais acentuada- em 2008, afirmam, animados pelo boom do crédito barato (taxa de até 4,5% ao ano pela Caixa) para classes baixas.
"O Brasil passou 50 anos pensando que baixa renda morava em favela e não se preocupava em investir nesse mercado. As empresas produziam maciçamente só para as classes média e alta. Nos últimos anos, o mercado chegou à conclusão de que há muitas famílias que moram mal e que precisamos sanar esse problema. Ao mesmo tempo, vamos ganhar dinheiro com isso pelas próximas décadas", diz João Crestana, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação).
Foi a partir de 2006, mas principalmente em 2007, que as maiores construtoras do país começaram a se voltar para esse mercado, classificado de "inesgotável" pelo diretor-presidente da Rodobens Negócios Imobiliários, Eduardo Gorayeb. "É um segmento em que todo mundo quer atuar, mas é muito difícil. Exige grandes volumes, qualidade, rentabilidade. A cada ano esse mercado fica mais competitivo", afirma.
A Rodobens concentra 80% de seus negócios no segmento econômico (até R$ 150 mil) e lançou entre 2007 e 2008 cerca de 10,5 mil unidades habitacionais com esse perfil -para 2009, prevê comercializar mais que o dobro: 22,8 mil moradias.
A crise econômica pode, como "efeito colateral", estimular o desenvolvimento desse mercado. "Quem compra um imóvel no segmento econômico tem uma necessidade, não é um investimento. Por isso, a crise será mais sentida nos segmentos da classe média e alta", avalia Renato Diniz, diretor do segmento econômico da Rossi.
Em 2007, o segmento econômico (imóveis até R$ 160 mil) representou 14% das vendas contratadas da Rossi. Neste ano, foram 33%. "Para 2009, nossa expectativa é ter 50% dos empreendimentos com essa característica", diz o CEO do grupo, Heitor Cantergiani.
Na maior construtora do país, a Cyrela, a realidade não é muito diferente. A marca Living, que administra parcerias voltadas à baixa renda (imóveis até R$ 180 mil), respondeu por 20% de todas as vendas contratadas do grupo em 2007. Em 2008, foram 30% -proporção que deve ser mantida em 2009.
"Mesmo com a diminuição da atividade econômica a demanda da baixa renda continua existindo", diz Antonio Guedes, diretor de novos negócios da Cyrela. A empresa lançou 6.700 unidades econômicas em 2007 e 10,5 mil neste ano. "A única maneira de o crescimento nesse nicho ser prejudicado em 2009 é com um alto nível de desemprego ou com a escassez de financiamentos, o que hoje não ocorre", diz Gorayeb.
Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco (reúne os comerciantes de material de construção) e membro do Conselho Curador do FGTS, diz que "mesmo que o setor não se expanda em 2009, a expansão deste ano vai nos levar a crescer, por inércia, cerca de 5% no ano que vem". (RE e CR)


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