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Mercado para baixa renda deverá crescer com a crise
Empresários apostam em nova redução recorde no déficit habitacional em 2008
Desaceleração deve frear investimentos das classes média e alta em 2009, mas não da baixa, que compra imóvel por necessidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Não haverá crise para o segmento de baixa renda em 2009,
apostam empresários do setor
imobiliário. A redução histórica de 9,5% no déficit habitacional em 2007 deve se repetir
-até de forma mais acentuada- em 2008, afirmam, animados pelo boom do crédito barato (taxa de até 4,5% ao ano pela
Caixa) para classes baixas.
"O Brasil passou 50 anos
pensando que baixa renda morava em favela e não se preocupava em investir nesse mercado. As empresas produziam
maciçamente só para as classes
média e alta. Nos últimos anos,
o mercado chegou à conclusão
de que há muitas famílias que
moram mal e que precisamos
sanar esse problema. Ao mesmo tempo, vamos ganhar dinheiro com isso pelas próximas
décadas", diz João Crestana,
presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação).
Foi a partir de 2006, mas
principalmente em 2007, que
as maiores construtoras do país
começaram a se voltar para esse mercado, classificado de
"inesgotável" pelo diretor-presidente da Rodobens Negócios
Imobiliários, Eduardo Gorayeb. "É um segmento em que
todo mundo quer atuar, mas é
muito difícil. Exige grandes volumes, qualidade, rentabilidade. A cada ano esse mercado fica mais competitivo", afirma.
A Rodobens concentra 80%
de seus negócios no segmento
econômico (até R$ 150 mil) e
lançou entre 2007 e 2008 cerca
de 10,5 mil unidades habitacionais com esse perfil -para
2009, prevê comercializar mais
que o dobro: 22,8 mil moradias.
A crise econômica pode, como "efeito colateral", estimular
o desenvolvimento desse mercado. "Quem compra um imóvel no segmento econômico
tem uma necessidade, não é um
investimento. Por isso, a crise
será mais sentida nos segmentos da classe média e alta", avalia Renato Diniz, diretor do segmento econômico da Rossi.
Em 2007, o segmento econômico (imóveis até R$ 160 mil)
representou 14% das vendas
contratadas da Rossi. Neste
ano, foram 33%. "Para 2009,
nossa expectativa é ter 50% dos
empreendimentos com essa
característica", diz o CEO do
grupo, Heitor Cantergiani.
Na maior construtora do
país, a Cyrela, a realidade não é
muito diferente. A marca Living, que administra parcerias
voltadas à baixa renda (imóveis
até R$ 180 mil), respondeu por
20% de todas as vendas contratadas do grupo em 2007. Em
2008, foram 30% -proporção
que deve ser mantida em 2009.
"Mesmo com a diminuição
da atividade econômica a demanda da baixa renda continua
existindo", diz Antonio Guedes, diretor de novos negócios
da Cyrela. A empresa lançou
6.700 unidades econômicas em
2007 e 10,5 mil neste ano. "A
única maneira de o crescimento nesse nicho ser prejudicado
em 2009 é com um alto nível de
desemprego ou com a escassez
de financiamentos, o que hoje
não ocorre", diz Gorayeb.
Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco (reúne os
comerciantes de material de
construção) e membro do Conselho Curador do FGTS, diz
que "mesmo que o setor não se
expanda em 2009, a expansão
deste ano vai nos levar a crescer, por inércia, cerca de 5% no
ano que vem".
(RE e CR)
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