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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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Fiesp diz que elevação está no "contexto de construção de credibilidade", e CNI diz que medida é ineficaz

Indústria se divide sobre alta da taxa de juro

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes da indústria adotaram atitudes opostas em relação à decisão do governo de elevar a taxa de juros.
Ao contrário de notas anteriores, em que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) classificava de "ineficazes" elevações nas taxas -e dizia que não havia motivo para "caminhar com o freio de mão puxado"-, desta vez a federação foi menos crítica. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) foi mais dura.
"Embora tivéssemos a expectativa de uma leve redução na taxa, queremos acreditar que a decisão do Copom de elevar a Selic para 25,5% esteja inserida no contexto de construção da credibilidade de um governo que se inicia", disse Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, em comunicado.
Ele afirmou que a decisão do governo "combate mais duramente a inflação logo nestes primeiros meses e acelera a convergência dos índices correntes para as metas ajustadas". Na última nota da entidade, em dezembro, ou seja, um mês atrás -quando ocorreu o aumento de três pontos percentuais na taxa-, o tom era outro.
O comunicado anterior informava que "[a alta nas taxas" não contribui para que o regime de metas de inflação resgate sua função de balizador de expectativas e tampouco irá contribuir para a construção da credibilidade do próximo governo".
Em outubro, quando a taxa subiu um ponto, a Fiesp também afirmava que a medida tinha "eficácia questionável para conter a piora das expectativas de inflação e para debelar a atual crise de credibilidade".
Mas ontem o presidente da Fiesp dizia querer acreditar "que a decisão de elevar a Selic para 25,5% esteja inserida no contexto de construção da credibilidade de um governo que se inicia". A expectativa da entidade é que, já a partir de fevereiro, o atual governo inicie um processo de redução nas taxas. A entidade reforçou que é contra aumento de juros em períodos de demanda reprimida e disse que os juros não podem ser mantidos em patamar tão alto por muito tempo.
"O papel de amainar as expectativas de inflação futura e tornar mais críveis as metas ajustadas de inflação deve ser cumprido rapidamente", afirmou a nota. "Para isso, acreditamos que a decisão de complementar o arrocho de política monetária com algum aumento do superávit primário seria a forma mais eficaz de criar condições para queda significativa dos juros no futuro próximo."
A avaliação da CNI é que a alta é equivocada, pois os efeitos da subida de sete pontos percentuais dos últimos meses ainda não se manifestaram por completo sobre a tendência dos preços, informa a nota.
Segundo o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, o Banco Central precisava ter esperado para ver os resultados das altas decisão.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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