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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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NOVA METODOLOGIA

Para Mercadante, mudanças na apuração da taxa do IBGE induzem crescimento de desempregados

PT vê "armadilha" no cálculo do desemprego

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A mudança na metodologia do cálculo da taxa de desemprego feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está tirando o sono do governo petista, que se diz vítima de armadilha política armada ao apagar das luzes do mandato de FHC.
A retomada do antigo modelo de cálculo já está sendo estudada pelo ministro Guido Mantega (Planejamento) por sugestão do futuro líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). As duas séries passariam a ser feitas simultaneamente.
Pela nova metodologia, o desemprego pode chegar aos 11% neste mês. Um salto de três pontos percentuais sobre novembro de 2002, medido pelo método antigo, na série com ajuste sazonal.
"É uma armadilha estatística que montaram para o novo governo", disse Mercadante à Folha. "Na história documentada do Brasil ficará registrado só que o governo dos trabalhadores aumentou o desemprego", diz.
Até dezembro de 2002, o IBGE trabalhou com as duas séries. A partir deste mês, passou a empregar só a nova, adotada segundo as orientações da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

As mudanças
O aumento do período de referência de uma semana para 30 dias -para que uma pessoa que esteja procurando emprego seja considerada desocupada- contribuiria para uma alta de 10% na taxa de desemprego, segundo o IBGE. Já a redução da idade mínima de 15 anos para 10 anos teria um impacto 80% maior do que na taxa medida semanalmente.
Mercadante considera que o novo modelo representa um avanço que pode ser aperfeiçoado, mas defende que as duas séries devam continuar sendo feitas e divulgadas juntas. Pelo menos por mais quatro anos. Para não "transmitir a falsa impressão de que o desemprego poderia ter aumentado a partir de janeiro".
A alegação do governo FHC para abandonar o modelo antigo foi a falta de verbas. O PT rebate dizendo que as duas séries podem ser realizadas pelo mesmo pesquisador, sem aumento de custos.
Os estudos a serem feitos pelo Ministério do Planejamento devem reavaliar a mudança da idade mínima para determinar sua importância na caracterização do quadro de desemprego.


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