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NOVA METODOLOGIA
Para Mercadante, mudanças na apuração da taxa do IBGE induzem crescimento de desempregados
PT vê "armadilha" no cálculo do desemprego
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mudança na metodologia do
cálculo da taxa de desemprego
feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está
tirando o sono do governo petista, que se diz vítima de armadilha
política armada ao apagar das luzes do mandato de FHC.
A retomada do antigo modelo
de cálculo já está sendo estudada
pelo ministro Guido Mantega
(Planejamento) por sugestão do
futuro líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
As duas séries passariam a ser feitas simultaneamente.
Pela nova metodologia, o desemprego pode chegar aos 11%
neste mês. Um salto de três pontos percentuais sobre novembro
de 2002, medido pelo método antigo, na série com ajuste sazonal.
"É uma armadilha estatística
que montaram para o novo governo", disse Mercadante à Folha.
"Na história documentada do
Brasil ficará registrado só que o
governo dos trabalhadores aumentou o desemprego", diz.
Até dezembro de 2002, o IBGE
trabalhou com as duas séries. A
partir deste mês, passou a empregar só a nova, adotada segundo as
orientações da OIT (Organização
Internacional do Trabalho).
As mudanças
O aumento do período de referência de uma semana para 30
dias -para que uma pessoa que
esteja procurando emprego seja
considerada desocupada- contribuiria para uma alta de 10% na
taxa de desemprego, segundo o
IBGE. Já a redução da idade mínima de 15 anos para 10 anos teria
um impacto 80% maior do que na
taxa medida semanalmente.
Mercadante considera que o
novo modelo representa um
avanço que pode ser aperfeiçoado, mas defende que as duas séries devam continuar sendo feitas
e divulgadas juntas. Pelo menos
por mais quatro anos. Para não
"transmitir a falsa impressão de
que o desemprego poderia ter aumentado a partir de janeiro".
A alegação do governo FHC para abandonar o modelo antigo foi
a falta de verbas. O PT rebate dizendo que as duas séries podem
ser realizadas pelo mesmo pesquisador, sem aumento de custos.
Os estudos a serem feitos pelo
Ministério do Planejamento devem reavaliar a mudança da idade
mínima para determinar sua importância na caracterização do
quadro de desemprego.
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