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PAPÉIS
Dívida em títulos no mercado fecha 2002 em R$ 623,19 bilhões
Reforçado, Tesouro quer antecipar rolagem de dívida
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de reforçar o caixa em
janeiro, o Tesouro Nacional pretende agora negociar antecipadamente os títulos de dívida que estarão vencendo a partir de abril.
Pouco mais de 41% da dívida do
governo no mercado terá de ser
rolada em 2003, mas o mês mais
pesado é mesmo abril.
A rolagem é a substituição dos
títulos que estão vencendo por
papéis novos. Em janeiro do ano
passado, os vencimentos programados para o ano em curso correspondiam a 25,59% da dívida. A
crise de confiança do mercado no
governo em 2002 encurtou os
prazos da dívida.
Ontem, o Tesouro informou
que a dívida em títulos no mercado fechou 2002 em R$ 623,19 bilhões, 0,14% abaixo do total de
2001. A dívida ficou estável porque no segundo semestre do ano
passado o Tesouro não conseguiu
emitir títulos em montante suficiente para fazer a rolagem.
Houve uma crise de confiança
provocada pelas eleições presidenciais e vários investidores resolveram retirar seus recursos de
fundos de investimentos por causa de perdas nas aplicações.
Os resgates (pagamento das dívidas que estavam vencendo)
atingiram, segundo o Tesouro, R$
169,5 bilhões (descontadas as
emissões). A dívida não caiu no
mesmo valor por causa dos encargos que corrigem os títulos.
Mas o caixa do Tesouro teve que
ser utilizado em volume que atingiu R$ 42 bilhões em dezembro.
De acordo com o coordenador
da Dívida Pública do Tesouro,
Paulo Valle, em janeiro o Tesouro
vem conseguindo reforçar o caixa, pois já emitiu R$ 13 bilhões para vencimentos de R$ 5 bilhões.
Portanto os técnicos acreditam
que já é possível pensar em reduzir os montantes que estarão vencendo a partir de abril. No mês de
abril, vencem R$ 32,2 bilhões de
um total de R$ 239,8 bilhões previsto para o ano. A antecipação
reduziria as pressões do mercado
sobre o governo.
Valle também disse que existe
espaço para que o Tesouro volte a
emitir títulos prefixados (cuja
correção é decidida no momento
da venda). Esses títulos pararam
de ser emitidos porque os investidores começaram a pedir taxas
muito altas para comprá-los.
O chefe do Departamento de
Mercado Aberto do BC, Sérgio
Goldenstein, disse que o impacto
da desvalorização na dívida em
2002 -52,27%- foi de R$ 90 bilhões. Em 2002, o BC conseguiu
rolar só 66,3% da dívida cambial.
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