São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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Bovespa cai com decisão do Copom

DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção da taxa básica de juros em 16,5% fez o mercado financeiro iniciar os negócios de ontem em polvorosa. Os juros futuros dispararam, a Bolsa de Valores caiu e o dólar chegou a subir pela manhã.
O Banco Central contrariou a expectativa do mercado, de corte de 0,5 ponto percentual. Como a decisão só foi anunciada após o fechamento dos pregões de quarta-feira, o impacto da decisão foi sentido nos negócios de ontem.
A taxa do contrato DI (que segue as taxas praticadas entre os bancos) de prazo mais curto saltou de 15,85% para 16,21% na BM&F. A Bolsa fechou com perdas de 1,43%, depois de chegar a recuar 2,66%. O dólar caiu 0,21%.
A corrida dos bancos para se ajustarem à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) fez a movimentação no pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) de ontem ser recorde. Somente de contratos DI, foram negociados 934 mil, cifra nunca atingida antes. Antes disso, o número recorde de negociação com esses papéis era de 640 mil.
As instituições financeiras que fecharam operações contando com a queda da Selic correram para evitar perdas maiores após a expectativa ser contrariada pela decisão do Copom.
Quem tem aplicações em fundos de renda fixa prefixados também pode ter prejuízo, pois a cota do fundo pode ficar negativa por um dia e dar um rendimento final menor.
Os fundos de renda fixa carregam títulos que pagam juros prefixados que acompanham as taxas do mercado futuro. Com a manutenção da Selic, as taxas futuras subiram e os papéis dos fundos, que embutiam juros menores, perdem valor.
"O ajuste sofrido nos contratos DI tem reflexo nos fundos prefixados. O importante é o investidor não sacar agora", afirma Eduardo Castro, gestor de renda fixa do ABN Amro Asset Management.
Segundo Carlos Henrique de Abreu, da corretora Socopa, foi forte o movimento de venda de LTNs (Letras do Tesouro Nacional, títulos prefixados) e compra de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro, títulos pós-fixados) no mercado secundário ontem.

Ajustes
Todos os contratos DI negociados na BM&F sofreram ajustes. No papel mais negociado, com prazo em julho, a taxa subiu de 15,39% para 15,88%. Na abertura, esse contrato chegou a ter taxa de 16,08%.
Apesar dos ajustes do mercado de ontem, Castro, do ABN, disse que mantém sua previsão de que a taxa básica de juros da economia estará em 14% anuais em dezembro.


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