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LEITE DERRAMADO
Investigação será centralizada em São Paulo e priorizará executivos da empresa e suas coligadas no país
Administradores da Parmalat são foco da PF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A investigação da Polícia Federal sobre a Parmalat e suas coligadas e controladas no Brasil será
centralizada em São Paulo, priorizará os administradores das empresas e analisará os negócios das
companhias e seus executivos
provavelmente a partir de 1996.
Em nota divulgada ontem, a PF
informou que o Estado de São
Paulo foi escolhido para a abertura do inquérito porque é a sede da
Parmalat no Brasil. A investigação
será nacional, com ênfase também no Paraná e Rio de Janeiro.
A PF afirma que sua primeira
ação será pedir à Justiça "a quebra
dos sigilos bancário e fiscal da
Parmalat, das suas empresas associadas e principais dirigentes".
O delegado nomeado para comandar as investigações é José
Nogueira Eupídio, da Divisão de
Crimes Financeiros da PF. O policial estava assessorando a CPI do
Banestado, comissão instalada
em julho de 2003 para investigar
crimes de evasão de divisas.
Uma análise da CPI sobre as remessas que as empresas ligadas à
Parmalat fizeram para o exterior
revelou que, entre 1996 e 2002, o
grupo remeteu R$ 1,7 bilhão por
meio de contas CC-5 (para não-residentes no país). Desse montante, R$ 583,3 milhões tiveram
como destino uma coligada do
grupo sediada no Uruguai, a Wishaw. O país é conhecido no mercado como um paraíso fiscal, um
dos pontos preferidos para a prática de lavagem de dinheiro.
A idéia é que o delegado Eupídio, conhecedor das informações
da CPI, possa comandar com
mais desenvoltura uma investigação que, pretende-se, seja conduzida em conjunto com a Receita
Federal e o Ministério da Justiça.
No ministério, caberá ao Departamento de Recuperação de Ativos acionar o acordo de cooperação judiciária que o Brasil mantém com a Itália para conseguir
informações sobre o caso já coletadas pelas autoridades italianas.
De saída, há fatores que complicam a investigação. As empresas
passaram por sucessivas mudanças de razão social, de composição societária e capitanearam inúmeras vendas e aquisições de ativos, o que dificulta o trabalho.
Ao mesmo tempo essas operações são um indício de negócios
suspeitos e leva a PF a priorizar a
investigação sobre os movimentos dos administradores que passaram pelo grupo.
Um deles é Carlos Monteiro, vice-presidente do Conselho de Administração da Parmalat e que
manteve contatos permanentes
com a área financeira do grupo na
Itália por dez anos.
A Folha esteve ontem na sede
da Carital Brasil, empresa que
pertenceu à Parmalat e que pode
ser investigada por possível envolvimento em fraudes.
Carlos Alberto Padeti, diretor
da Carital em São Paulo, disse que
a companhia vai ajudar a polícia
no que for necessário. E negou
acusações de desvio de recursos.
"Não estou autorizado a comentar o assunto", disse.
Comissão
A Câmara dos Deputados instalou ontem a comissão especial
que acompanhará a crise da multinacional Parmalat.
Os deputados pretendem trabalhar em conjunto com a CPI do
Banestado, que teve acesso a documentos e informações sobre a
movimentação de contas bancárias da empresa no exterior.
O deputado Waldemir Moka
(PMDB-MS), que também dirige
a comissão de Agricultura e Política Rural da Casa, presidirá a comissão, que terá 21 integrantes.
Colaboraram Sílvio Navarro, da Sucursal de Brasília, e Adriana Mattos, da Reportagem Local
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