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Furlan inicia ações políticas pelos fármacos
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
A política industrial prometida
pelo governo Luiz Inácio Lula da
Silva ainda está em fase de detalhamento, mas o ministro Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), começou ontem mesmo a
colocá-la em prática em Davos,
no encontro anual 2004 do Fórum
Econômico Mundial.
Furlan discutiu com executivos
do laboratório Merck a possibilidade de a empresa usar o Brasil
como plataforma de produção e
exportação de "princípios ativos",
ou seja, remédios genéricos.
A Merck distribui geograficamente a sua produção de genéricos e é exatamente a área de fármacos uma das que receberão estímulos do governo no âmbito da
política industrial. Que estímulos?
"Não sei, estão sendo estudados",
prefere responder Furlan.
A questão dos fármacos não foi
o único assunto em que atuou o
ministro, único do governo Lula a
estar, até ontem, participando do
fórum de Davos (o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, chegaria à noite ou hoje).
Acordo com o Canadá
Furlan ouviu de autoridades canadenses que o novo governo está
interessado em criar com o Brasil
uma "agenda positiva", jargão
clássico da diplomacia para expressar o desejo de deixar de lado
contenciosos e enfatizar convergências, o que incluiria um acordo comercial bilateral.
No caso Canadá/Brasil, houve
uma traumática disputa comercial pelo mercado de aviões regionais, entre a canadense Bombardier e a brasileira Embraer. Em seguida, o Canadá vetou a importação de carne do Brasil a pretexto
de prevenir o mal da vaca louca.
Agora, o novo primeiro-ministro, Paul Martin, prefere colocar o
Brasil na lista de prioridades. Furlan diz que a conversa sobre acordo comercial foi mera sondagem,
iniciada por Sergio Marchi, embaixador canadense junto à Organização Mundial do Comércio.
Ainda assim, é um passo importante porque o Canadá é o país
que mais agressivamente vem defendendo uma Alca (Área de Livre Comércio das Américas)
abrangente, ao contrário do Brasil, que prefere uma Alca desidratada e conseguiu um desenho
desse porte na Conferência Ministerial de Miami, em novembro.
A aproximação com o Brasil talvez leve em conta a avaliação de
Paul Martin de que a meta de 2005
para concluir as negociações da
Alca, embora altamente desejável,
é praticamente inalcançável.
É sintomático que, ontem, houve, em Davos, um debate sobre
acordos regionais ou bilaterais
como contraponto ao sistema
multilateral representado pela
Organização Mundial do Comércio. Nesta, discute-se há dois anos
a chamada Agenda Doha de Desenvolvimento, mas sem progressos significativos. Por isso mesmo, até o Japão, que tem apego
"quase religioso" ao sistema multilateral, está negociando mais
cinco acordos regionais, comentou Ichiro Fujisaki, vice-ministro
de Relações Exteriores.
Hoje, cerca de 20 ministros de
Comércio, entre eles Furlan, participam de uma reunião informal
convocada pelo governo suíço para tentar desbloquear as negociações na OMC.
(CR)
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