São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Socorro ao mercado reacende discussão sobre "risco moral"

DA REPORTAGEM LOCAL

O corte agressivo no juro americano um dia após os mercados desabarem no mundo reacendeu o debate em torno do chamado "moral hazard", o "risco moral" do Fed (Federal Reserve, BC dos EUA) de "salvar" investidores e instituições que se arriscaram em excesso.
Para Cristiano Souza, economista do Banco Real, é difícil falar em "moral hazard" porque, em sua avaliação, houve perdas generalizadas. "Todo mundo perdeu: bancos, seguradoras, investidores e o consumo. A discussão é o quanto ele [Fed] estaria disposto a punir outros agentes ao custo de deixar os EUA caírem na recessão."
O ex-diretor do BC Alkimar Moura afirma que o Fed não foi chantageado pelos mercados porque não sofreu uma ação orquestrada.
"O Fed estava num dilema: tinha de olhar para a inflação e também para o risco de falência generalizada do sistema financeiro. Isso [corte no juro] elimina riscos e dá uma mensagem errada? São condições que o BC não tem muita escolha. Poderia assumir o risco de esperar mais uma semana e enfrentar a possibilidade de a situação piorar mais ainda", disse.
O economista Fernando Cardim, da UFRJ, afirma que a preocupação com o "risco moral" é exagerada por economistas liberais. "Ninguém faz aplicações porque acha que vai ser socorrido. Mesmo quando o socorro vem muitos já perderam e o valor dos ativos caiu. Qualquer decisão numa economia de mercado é especulativa."


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