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MERCADO FINANCEIRO
Avaliação menos ruidosa da crise política vinda do exterior provocou virada nos indicadores na sexta
Estrangeiros invertem cenário de queda
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Investidores estrangeiros foram
os responsáveis pelo início da virada positiva dos mercados na
sexta-feira passada, segundo analistas do mercado financeiro.
O movimento foi ampliado pelas tesourarias de bancos no Brasil, mas a avaliação é que teria vindo de fora uma visão menos ruidosa da crise política gerada pelas
denúncias contra o ex-assessor da
Casa Civil, Waldomiro Diniz.
No último dia de negócios antes
do Carnaval, quando o dólar chegou a ultrapassar os R$ 3, a Bolsa
caía 4,1% e o risco-país subia
5,85%, ao bater em 620 pontos,
anúncios de instituições financeiras do exterior, como a Pinco,
grande administradora de renda
fixa, e o JP Morgan, fizeram os ativos inverterem a trajetória.
O dólar fechou em queda de
0,06%, a Bolsa subiu 1,84% e o risco Brasil recuou 0,17%, aos 586
pontos.
Em relatório, o JP Morgan informou aumento da participação
de papéis brasileiros em sua carteira de investimentos em países
emergentes. Também o Morgan
Stanley teria elevado a recomendação de ativos brasileiros. "Foi
feita uma leitura mais atenta", diz
Marcelo Giufrida (BNP Paribas).
"Os estrangeiros entraram
comprando. O fluxo de investimentos continua bom, e o mercado olha preços", diz Júlio Ziegelmann, do BankBoston. Para ele, a
avaliação de que não há demanda
que pressione muito a inflação
também colaborou para a melhora dos ativos. "Ninguém está com
muito medo da inflação. Parte dela é sazonal."
"A Bolsa brasileira está barata
em relação a outros emergentes, e
a economia não mudou. A volatilidade maior não está no câmbio",
diz Luís Eduardo Assis, do HSBC.
Para o economista-chefe do
Bradesco, Octavio de Barros, a
baixa oscilação da moeda estrangeira demonstra que "o mercado
não subestima o peso da melhora
dos fundamentos da macroeconomia brasileira".
Os mercados estão mais calmos,
mas ainda na expectativa do que
vai acontecer no cenário político,
segundo Assis.
Crise
Embora com a ressalva de muitos analistas que afirmam não entender nada de política, para parte
do mercado financeiro a crise política se encaminha para a saída
do ministro José Dirceu, a quem
Waldomiro Diniz era ligado.
"A saída do ministro é a melhor
opção para brecar a crise, mas a
preocupação é quem seria seu
substituto", diz Alessandra Ribeiro, analista de mercado da consultoria Tendências.
"Se o ministro Dirceu ficar, ficará se defendendo. A situação da
macroeconomia melhorou, mas o
governo tem uma agenda a cumprir. Para termos crescimento
sustentado, o país precisa de modelos regulatórios, estradas, portos. Não pode ficar paralisado",
diz Ziegelmann. "Mas, se vier alguém ruim para o lugar de Dirceu, será pior."
A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve ser divulgada na
próxima quinta-feira, monopoliza as atenções do mercado nesta
semana. O relatório da reunião de
janeiro, considerado excessivamente pessimista, foi mal recebido pelos agentes econômicos.
A expectativa é seja menos detalhada, mas mais positiva. "Deve
trazer uma visão mais otimista,
abrindo espaço para a redução do
juro em março", diz Ziegelmann.
"O Copom deve aperfeiçoar a
ata desta semana", diz Barros.
"A ata tem se tornado um exercício bizantino de interpretação.
Está demasiadamente obscura",
afirma Assis.
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