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MERCADO FINANCEIRO
Em Wall Street, previsão é que títulos brasileiros sigam em depreciação por causa da crise política
Para analistas, turbulência deve continuar
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Apesar de acreditarem que os
fundamentos da economia brasileira seguem sólidos, analistas financeiros de Wall Street estimam
que ainda haverá, no curto prazo,
turbulência na avaliação dos principais títulos e no risco do país.
Na semana passada, o mercado
financeiro atravessou uma semana conturbada, em que repercutiu
a crise instalada no Palácio do Planalto com as denúncias de corrupção envolvendo Waldomiro
Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil).
O risco-país, medido pelo banco JP Morgan e que serve como
termômetro da confiança dos investidores estrangeiros nos títulos
brasileiros, fechou em 586 pontos
na sexta-feira, acumulando alta
de cerca de 12% em uma semana.
Entre outros indicadores, a Bolsa acumulou queda no período e
o dólar subiu. Analistas ouvidos
pela Folha em Nova York, uma
das principais praças financeiras
do planeta, afirmam que ainda
apostam num crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) de 3,5%
ou mais em 2004.
Esse cenário, porém, não é o suficiente para conter os ânimos a
curto prazo. A cotação do C-Bond
e o nível risco-país brasileiro devem continuar a sofrer oscilações
nos próximos dias em decorrência do caso Waldomiro.
"Essa confusão política aumenta a incerteza dos mercados. Uma
CPI [Comissão Parlamentar de
Inquérito] pode trazer ainda mais
nervosismo", diz Gustavo Rangel,
analista de mercados emergentes
do banco Barclays Capital.
"A curto prazo, mais investigações vão provocar mais incertezas
e mais oscilações no mercado.
Mas esse debate serve para reforçar a instituição democrática no
Brasil. Acreditamos que o Brasil é
uma democracia forte", disse Lisa
Schineller, economista-chefe da
Standard & Poor's.
Para a agência de risco norte-americana, o ambiente político é
uma das principais variantes que
pesam na concessão de "ratings"
(notas de crédito) para os países
avaliados. "No momento, entendemos que esse problema político
no Brasil está num estágio preliminar. São acusações, algumas
especulações, mas nada ainda foi
de fato provado", afirmou.
Para Schineller, o escândalo que
se formou em torno de Dirceu
ainda não é o suficiente para rebaixar o "rating" brasileiro.
Fora da esfera política, porém,
os investidores olham atentamente para as perspectivas de crescimento. O Barclays Capital rebaixou a previsão de crescimento do
PIB brasileiro neste ano de 4% para 3,5%. A Standard & Poor's
mantém a taxa entre 3,5% e 4%. O
West LB continua a antever 4%,
mas faz uma ressalva que pode rever para baixo a projeção dentro
de duas ou três semanas.
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