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Brasileiros são 4 dos 10 mais rentáveis
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os quatro maiores bancos brasileiros - Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco- estão
entre os dez mais rentáveis dos
Estados Unidos e da América Latina, segundo levantamento da
Economática com base nos balanços dos 50 maiores bancos de capital aberto do continente.
BB, Bradesco e Itaú encabeçam
o ranking de rentabilidade, perdendo apenas para o North Fork
Bancorp, um banco americano de
varejo de médio porte. Eles superaram, inclusive, o Citigroup,
uma das maiores instituições financeiras do planeta, com US$
1,472 trilhão em ativos. Juros e
"spreads" altos explicam a elevada rentabilidade das instituições
brasileiras, segundo analistas.
A Economática calculou a rentabilidade das 50 instituições pesquisadas dividindo o lucro em 12
meses pelo patrimônio líquido
nominal no início do período. Os
bancos locais calculam sua rentabilidade com base no patrimônio
líquido médio.
Pelo critério da Economática, a
rentabilidade do Itaú em 2005 foi
de 37,6%, a do Bradesco de 36,2%,
a do BB de 29,4% e a do Unibanco
de 22,7%. A do Citigroup, por
exemplo, o décimo colocado, foi
de 22,2%.
A alta rentabilidade dos bancos
brasileiros é atribuída, pelos analistas, à elevada taxa de juro praticada no país e aos gordos
"spreads" bancários. "Spread" é a
diferença entre o juro pago pelo
banco na captação de recursos e o
recebido na concessão de empréstimos.
Para Adriano Seabra, analista
da Gap Asset Management, vários
fatores influenciam a rentabilidade dos grandes bancos brasileiros.
"O principal, sem dúvida, é o fato
de terem uma ampla base de
clientes, o que lhes permite uma
captação barata de recursos", diz.
Ele cita como exemplo a captação por intermédio da caderneta
de poupança, que paga TR mais
6% ao ano ao poupador. "O banco pega esse dinheiro sem esforço
e aplica a 17% ao ano, em média,
que é a taxa do CDI [Certificado
de Depósito Interbancário]. Há
um "spread" enorme aí", diz o
analista.
Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de
Ensino e Pesquisa em Administração), diz que a elevada rentabilidade dos bancos decorre do lucro alto. "No Brasil, o resultado
dos bancos é bem maior em relação ao que foi investido pelos sócios, ou seja, a seu patrimônio líquido, do que em outros países",
diz Carminatti.
O fato de a economia brasileira
ter um histórico de instabilidade
faz com que os acionistas exijam
um retorno maior de seus investimentos, pois o risco de operar no
país é maior, segundo ele.
Lucro em dólar
Os dois maiores bancos privados locais -Bradesco e Itaú-
também figuram entre as dez instituições que obtiveram o maior
lucro líquido em 12 meses, em dólar. O lucro do Bradesco foi de
US$ 2,356 bilhões, e o do Itaú, de
US$ 2,243 bilhões.
A conversão foi feita pelo dólar
Ptax de 31 de dezembro de 2005,
num cenário de valorização do
real, o que infla os resultados. Ptax
é a cotação calculada pelo Banco
Central a partir da média das cotações praticadas em todas as
operações de câmbio efetuadas
em um dia. A Ptax no final do ano
estava em R$ 2,340.
"O lucro dos bancos brasileiros
é assim alto porque a taxa de juro
cobrada nos empréstimos é elevada e ele ainda ganha muito com
tarifas", observa Fernando Exel,
sócio-diretor da Economática.
De acordo com seus cálculos, o
Itaú, por exemplo, ganhou R$ 11
bilhões com a diferença entre os
juros pagos na captação de recursos e o recebido na concessão de
empréstimos. "Isso equivale a 7%
do ativo total do banco, enquanto
nos EUA essa relação não passa
de 4%", observa Exel.
Os juros altos também garantem importantes ganhos para a
tesouraria dos bancos. Segundo
Carminatti, do Inepad, nos bancos públicos cerca de 60% da receita com a intermediação financeira vem da aplicação em títulos
públicos pela tesouraria. "Isso significa que a tarefa do banco público, hoje, é financiar o governo."
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