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CONSUMO
Governo também estuda formas para controlar exportações do produto derivado de cana, elevando a oferta interna
Redução de álcool na gasolina começa na 4ª
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo definiu ontem que a
redução de 25% para 20% na mistura de álcool à gasolina vai vigorar a partir da próxima quarta-feira e estuda formas para controlar
as exportações do produto para
que o mercado interno não tenha
pouca oferta e, como conseqüência, os preços subam.
A data da implantação foi definida em resolução assinada pelo
presidente do Cima (Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool), ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), que será publicada hoje no "Diário Oficial"
da União.
A modificação na mistura não
vai entrar em vigor imediatamente pois exige mudanças técnicas
nas distribuidoras.
A redução para 20% do percentual de álcool anidro misturado à
gasolina significará economia de
1,2 bilhão de litros anuais (o consumo hoje é de 6 bilhões de litros).
A avaliação do governo é que,
com a medida, vai sobrar álcool
no mercado após o início da safra
de cana-de-açúcar, que vai ser antecipada de maio para abril.
Para não ser surpreendido com
estoques baixos, como na entressafra atual, que causou o aumento
dos preços do álcool, o governo
planeja ter o controle da exportação do produto, como já acontece
com a gasolina.
Em uma medida mais drástica,
seriam estabelecidas cotas de exportação de álcool. Nesse cenário,
apurou a Folha, o governo adotaria o discurso de que não pretende atrapalhar as negociações e
que nenhum contrato será quebrado, mas que há a necessidade
de não ser pego mais de surpresa,
como diz que aconteceu agora.
O volume de álcool exportado
cresceu quase 1.000% nos últimos
cinco anos. Em 2000, foram 227
milhões de litros e, no ano passado, mais de 2,4 bilhões de litros.
Além disso, houve grande interesse do governo em estimular a
exportação do produto. A intenção é aproveitar a busca mundial
por formas mais limpas de energia. Pelo Protocolo de Kyoto, que
entrou em vigor em fevereiro do
ano passado, os países signatários
do documento se comprometem
a reduzir gradualmente o seu nível de emissão de gases poluentes.
O ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) afirmou anteontem que a principal preocupação
do governo é manter o abastecimento. Em janeiro, quando foi
anunciado o acordo com os usineiros, o objetivo era evitar que o
aumento dos preços continuasse.
Como os usineiros não cumpriram o acordo de limitar o preço
do álcool anidro em R$ 1,05, o governo decidiu reduzir a proporção de álcool na gasolina.
Como a medida provoca como
efeito colateral o aumento da gasolina, já que, apesar dos últimos
reajustes, o álcool ainda é um
combustível mais barato, o Ministério da Fazenda estuda a redução
da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico),
cobrada desde 2002 sobre o consumo de combustíveis.
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