São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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PAÍSES RICOS
Reunião termina sem propostas concretas para crise asiática
Ministros do G7 sugerem ações contra o desemprego

IRINEU MACHADO
de Londres

A reunião dos líderes das áreas econômica e financeira do G7 (Grupo dos Sete) mais Rússia no final de semana em Londres terminou ontem com o anúncio de um plano de ação para incentivar a geração de empregos e combater a exclusão social.
O grupo discutiu também a crise do mercado financeiro asiático, no sábado, mas o encontro frustrou as expectativas dos que esperavam o anúncio de medidas concretas para ajudar a acabar com os riscos da volatilidade.
Os ministros da Fazenda dos sete países mais industrializados do mundo e da Rússia chegaram a um consenso sobre a necessidade de medidas contra o protecionismo comercial para evitar a queda do crescimento global, efeito da crise da Ásia.
Entretanto, não foram apontadas medidas concretas para evitar novas quebras no mercado financeiro, exceto o comprometimento das agências de crédito de exportação de ampliarem financiamento para a ajuda ao comércio da região. O G7 recomendou "reformas profundas" nos sistemas financeiros dos países diretamente afetados pela crise.
"Não discutimos ações específicas. Não era esse o tom do encontro", disse Gordon Brown, ministro do Tesouro do Reino Unido.
Os documentos conclusivos tanto dos debates sobre a crise asiática como dos que abordaram o combate ao desemprego apresentaram recomendações genéricas a serem aprofundadas na reunião dos chefes de Estado do G7, no próximo mês de maio em Birmingham (Reino Unido).
Nas discussões sobre a crise asiática, o assunto dominante foi a crítica do secretário do Tesouro norte-americano, Robert Rubin, ao Japão. Ele disse que o Japão deveria assumir um papel mais importante na ajuda aos vizinhos asiáticos pela recuperação do mercado financeiro da região.
"No Japão, a atividade econômica está baixa e as perspectivas são fracas. A recuperação requer ação contínua para reforçar o sistema financeiro e reformas regulatórias do setor financeiro, entre outros, para ampliar a abertura", diz o documento conclusivo do encontro.
Diz também que as reformas nos países asiáticos devem ter assistência financeira temporária, liderada pelo FMI ou outras instituições financeiras, e "com papel essencial do setor privado."
O documento também afirma que o crescimento equilibrado da economia na Alemanha, França e Itália é "bem-vindo", mas que a atividade econômica dos três ainda está "baixo do potencial".
"Políticas macroeconômicas estáveis são vitais, mas não são suficientes", diz o documento sobre geração de empregos.
Entres os itens da lista de sete princípios estabelecidos pelo G7 para combater o desemprego, estão reformas estruturais como a derrubada de "barreiras oriundas de tributação inadequada", incentivos a pequenos e médios empreendimentos e apoio ao treinamento e habilitação dos que estão fora do mercado.
Os ministros do G7 defenderam como mercado de trabalho ideal um modelo "meio termo" entre o anglo-saxônico e o modelo social "mais protecionista" europeu, "sem ignorar os mais desfavorecidos ou desqualificados", como disse Brown.



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