São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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BALANÇO
Instituição teve lucro líquido de cerca de R$ 406 milhões no ano passado; nível de inadimplência foi de 28%

CEF repassará dividendos para o Tesouro

VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília

Pela primeira vez nos últimos dez anos, a Caixa Econômica Federal vai repassar dividendos para o Tesouro Nacional, único acionista da instituição.
Serão repassados R$ 101 milhões, equivalentes a 25% do lucro líquido da CEF no ano passado, de cerca de R$ 406 milhões.
A CEF fechou 1997 com patrimônio de R$ 4,6 bilhões e total de depósitos de R$ 60 bilhões. No mesmo período, as operações de crédito feitas pela instituição somaram R$ 57,1 bilhões, incluindo os empréstimos feitos para Estados que renegociaram suas dívidas com o Tesouro Nacional.
Os dados do balanço de 1997 da CEF foram enviados ao Banco Central na semana passada para ser divulgados pelo Sisbacen (sistema informatizado pelo qual o BC se comunica com os bancos). Conforme esses dados, os ativos da CEF totalizaram R$ 111,6 bilhões no final de dezembro último.
O presidente da CEF, Sérgio Cutolo, não quis confirmar o resultado do balanço. Segundo ele, os números de 1997 ainda precisam ser aprovados pelo Conselho de Administração, que deve se reunir na primeira semana de março.
O repasse de 25% dos lucros como dividendos está previsto no estatuto da CEF, disse Cutolo. O estatuto entrou em vigor no segundo semestre do ano passado.
O nível de inadimplência em 1997 ficou 28%. Em 96, foi de 27%. As provisões para créditos de liquidação duvidosa somaram R$ 11,1 bilhões.
Para reduzir a inadimplência, a diretoria da CEF pretende repassar para o setor privado a cobrança das dívidas mais difíceis de serem recebidas. A contratação da empresa privada será feita por licitação.
"O objetivo é termos um retorno mais efetivo", afirmou Cutolo. Segundo ele, a CEF tem dois tipos de dívidas: as antigas e de difícil recebimento e as posteriores a 1995, cuja inadimplência é menor (3%).
Cutolo explicou que a mudança não provocará prejuízos para a CEF porque quem ganhar a licitação só irá receber seu pagamento se os devedores pagarem suas dívidas. A idéia é pagar um percentual do valor cobrado e pago.
Uma das prioridades para este ano, segundo Cutolo, é resolver a situação dos 200 mil imóveis considerados "empreendimentos problemas". Os empréstimos para a construção desses imóveis somaram R$ 5 bilhões, sendo R$ 2 bilhões de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Segundo ele, a CEF comprou esse crédito do FGTS e assumiu um prejuízo de R$ 700 milhões para tentar encontrar um solução. Uma das idéias, disse ele, é o corte de financiamento para os municípios onde estão localizados os imóveis.
Levantamento da CEF mostra que em muitas locais a ocupação irregular dos imóveis contou com a conivência e até com o apoio de políticos -deputados estaduais, vereadores e prefeitos.



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