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BALANÇO
Instituição teve lucro líquido de cerca de R$ 406 milhões no ano passado; nível de inadimplência foi de 28%
CEF repassará dividendos para o Tesouro
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
Pela primeira vez nos últimos
dez anos, a Caixa Econômica Federal vai repassar dividendos para
o Tesouro Nacional, único acionista da instituição.
Serão repassados R$ 101 milhões, equivalentes a 25% do lucro
líquido da CEF no ano passado, de
cerca de R$ 406 milhões.
A CEF fechou 1997 com patrimônio de R$ 4,6 bilhões e total de
depósitos de R$ 60 bilhões. No
mesmo período, as operações de
crédito feitas pela instituição somaram R$ 57,1 bilhões, incluindo
os empréstimos feitos para Estados que renegociaram suas dívidas
com o Tesouro Nacional.
Os dados do balanço de 1997 da
CEF foram enviados ao Banco
Central na semana passada para
ser divulgados pelo Sisbacen (sistema informatizado pelo qual o
BC se comunica com os bancos).
Conforme esses dados, os ativos
da CEF totalizaram R$ 111,6 bilhões no final de dezembro último.
O presidente da CEF, Sérgio Cutolo, não quis confirmar o resultado do balanço. Segundo ele, os números de 1997 ainda precisam ser
aprovados pelo Conselho de Administração, que deve se reunir na
primeira semana de março.
O repasse de 25% dos lucros como dividendos está previsto no estatuto da CEF, disse Cutolo. O estatuto entrou em vigor no segundo semestre do ano passado.
O nível de inadimplência em
1997 ficou 28%. Em 96, foi de 27%.
As provisões para créditos de liquidação duvidosa somaram R$
11,1 bilhões.
Para reduzir a inadimplência, a
diretoria da CEF pretende repassar para o setor privado a cobrança das dívidas mais difíceis de serem recebidas. A contratação da
empresa privada será feita por licitação.
"O objetivo é termos um retorno
mais efetivo", afirmou Cutolo. Segundo ele, a CEF tem dois tipos de
dívidas: as antigas e de difícil recebimento e as posteriores a 1995,
cuja inadimplência é menor (3%).
Cutolo explicou que a mudança
não provocará prejuízos para a
CEF porque quem ganhar a licitação só irá receber seu pagamento
se os devedores pagarem suas dívidas. A idéia é pagar um percentual do valor cobrado e pago.
Uma das prioridades para este
ano, segundo Cutolo, é resolver a
situação dos 200 mil imóveis considerados "empreendimentos
problemas". Os empréstimos para
a construção desses imóveis somaram R$ 5 bilhões, sendo R$ 2
bilhões de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Segundo ele, a CEF comprou esse crédito do FGTS e assumiu um
prejuízo de R$ 700 milhões para
tentar encontrar um solução. Uma
das idéias, disse ele, é o corte de
financiamento para os municípios
onde estão localizados os imóveis.
Levantamento da CEF mostra
que em muitas locais a ocupação
irregular dos imóveis contou com
a conivência e até com o apoio de
políticos -deputados estaduais,
vereadores e prefeitos.
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