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Fundo reprisa erros, afirma Stiglitz
DA REDAÇÃO
O FMI (Fundo Monetário Internacional) está repetindo os erros cometidos na crise da Ásia e
piorando a situação da Argentina.
A afirmação é de Joseph Stiglitz,
Prêmio Nobel de Economia em
2001 e ex-economista-chefe do
Banco Mundial.
Em entrevista concedida à
agência Reuters em Hanói, Vietnã, Stiglitz disse que a Argentina
deveria se concentrar na recuperação da atividade econômica em
vez de tentar convencer os mercados financeiros de que seus problemas estão resolvidos. "A preocupação, neste momento, não deveria ser com a inflação, mas sim
com o desemprego e o caos social
por ele causado."
Stiglitz considerou arriscada a
estratégia do Fundo de equilibrar
o Orçamento para reconquistar a
confiança dos investidores. "O
ponto inicial da minha análise é o
reconhecimento de que nenhuma
atitude tomada pelo governo argentino vai recuperar a confiança
do mercado e atrair investimentos no curto prazo. Inevitavelmente os investidores irão esperar para ver o desenrolar da situação", comentou.
Segundo o economista, o uso
contínuo pelo FMI de políticas de
ajuste que só aumentam a recessão demonstra que o órgão não
aprendeu as lições da crise de 1997
na Ásia."Eles estão cometendo os
mesmos erros na Argentina", disse. "A recomendação deles para
um país em recessão é corte de
despesas ou aumento de impostos. Qualquer macroeconomista
dirá que estas medidas irão aprofundar a recessão."
Stiglitz disse que o esforço de
equilibrar o orçamento pelo aumento de impostos irá falhar. A
medida que as pessoas enfrentam
dificuldades financeiras e as firmas vão à falência, é mais difícil
coletar impostos e a posição fiscal
do governo fica mais complicada.
O economista citou o caso da
Rússia, que restaurou o crescimento econômico após abandonar as políticas defendidas pelo
FMI. Apesar de a Argentina não
contar com as receitas de exportação de petróleo que foram essenciais à Rússia, o fundamental do
exemplo é que o país ignorou os
mercados financeiros. "A Rússia
não voltou ao mercado por dois
anos, período no qual a desvalorização estimulou a economia.
Houve alguma inflação, mas a situação não escapou do controle."
O FMI suspendeu o envio de dinheiro para a Argentina em dezembro, devido ao descontrole
dos gastos públicos. Uma missão
do FMI visitou o país na semana
passada, como primeiro passo
pra negociar a aprovação de um
novo empréstimo. A missão concluiu que o governo deveria ser
mais enfático na redução do gasto
público e no esforço para reconquistar a confiança do mercado financeiro.
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