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Missão do FMI vai à Argentina no mês que vem
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
Num esforço para estancar
a desvalorização meteórica
do peso, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o
governo argentino anunciaram ontem o envio de uma
missão oficial do Fundo para
Buenos Aires no começo de
abril.
O envio da missão dará
início às negociações oficiais
entre a Argentina e o FMI,
suspensas em dezembro
passado. O anúncio foi feito
depois de um encontro de 90
minutos entre o presidente
argentino, Eduardo Duhalde, e o diretor-gerente do
Fundo, Horst Köhler.
Enquanto os dois conversavam num hotel da cidade
mexicana de Monterrey, onde ocorre convenção da
ONU sobre o financiamento
ao desenvolvimento, cambistas vendiam o dólar a 3,10
pesos em Buenos Aires.
"O encontro foi construtivo e amigável", informa o
curto comunicado. "Eles
instruíram seus colegas para
que continuem trabalhando.
Espera-se que o FMI vá enviar uma missão negociadora a Buenos Aires no começo
de abril."
O presidente argentino e
sua equipe tentaram manter
tranquilidade, apesar de
boatos na Argentina sobre
possível feriado bancário na
segunda e da demissão do
ministro da Economia, Jorge
Remes Lenicov. De cara fechada, o ministro não quis
falar sobre o assunto.
A crise argentina monopolizou ontem as conversas em
Monterrey. Duhalde fez um
"mutirão" diplomático para
acelerar o processo de negociações com o Fundo. Convenceu cinco chefes de governo a fazerem apelos pessoais em favor da Argentina
ao presidente dos EUA,
George W. Bush, durante
um encontro privado de cinco horas entre os líderes presentes no México. Como os
EUA são os maiores acionistas do Fundo, Bush consegue barrar ou liberar pacotes
do FMI.
Os apelos em favor da Argentina foram feitos pelo
primeiro-ministro do Canadá, Jean Chrétien, e pelos
presidentes do México, Vicente Fox, e do Chile, Ricardo Lagos. De formas distintas, esses chefes de governo
mencionaram os esforços
feitos pelo atual governo argentino e a urgência do governo Duhalde em receber
apoio financeiro do FMI.
O chanceler brasileiro,
Celso Lafer, também mencionou a Argentina ao discursar no lugar do presidente Fernando Henrique Cardoso. "A Argentina está fazendo seu melhor em uma
situação de extrema dificuldade social e econômica, a
fim de estabilizar sua economia. Não existe justificativa
para o retardamento no auxílio por parte das instituições internacionais".
Apesar desses apelos, ao
menos dois desses líderes
confidenciaram a diplomatas que suas preocupações
com a Argentina já não se
restringem à perspectiva de
um acordo com o FMI.
Eles temem que o acordo
não seja suficiente para debelar a crise porque seu
montante será provavelmente baixo. Fala-se em cerca de US$ 12 bilhões, apenas
US$ 3 bilhões a mais que o
valor não retirado pela Argentina sob o acordo suspenso em dezembro. Lenicov também manifestou esse mesmo temor a um diplomata latino-americano. Depois do encontro com os líderes de governo, Duhalde
daria uma entrevista.
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