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TELEVISÃO
Família Marinho pretende conseguir recursos para capitalizar a Globo Cabo, que passa por grave crise financeira
Rede Globo põe à venda parte de emissoras
ELVIRA LOBATO
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Para capitalizar a Globo Cabo,
que atravessa grave crise financeira, a família Marinho decidiu se
desfazer de parte do capital de
suas emissoras que integram a
Rede Globo de Televisão. A busca
de sócios, de acordo com executivos do grupo, está sendo feita em
um circuito restrito de empresários que já têm negócios com a família.
Os Marinho têm participação
acionária em 32 emissoras de televisão no país. Segundo a Folha
apurou, apenas as cinco emissoras que compõem o núcleo central da rede -as de São Paulo, Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife (PE), que formam a
TV Globo Ltda.- estão fora do
processo.
A decisão está na contramão da
estratégia expansionista empreendida pela Rede Globo nos
últimos anos e é fruto da necessidade de fazer caixa na holding
Globopar (Globo Participações),
para que essa capitalize a Globo
Cabo.
A empresa carrega uma dívida
superior a R$ 1,5 bilhão e receberá
uma injeção de capital de R$ 1 bilhão de parte dos atuais acionistas. Entre ele está o estatal BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que
pode colocar até R$ 284 milhões.
De acordo com executivos do
grupo, a estratégia da família Marinho é manter uma participação
minoritária nas 27 emissoras de
televisão que não compõem o núcleo principal da Rede Globo. As
participações atuais variam de
50% a 100%.
A família tem 11 emissoras de
TV no Estado de São Paulo, oito
no Paraná, sete em Minas Gerais,
quatro no Rio de Janeiro, uma em
Brasília e outra em Recife. Em
princípio, serão negociadas as
emissoras consideradas internamente como mais estruturadas
em seus mercados.
É o caso de três emissoras do interior do Estado de São Paulo
-as de São José do Rio Preto,
Bauru e São José dos Campos-,
conforme informou ontem o
"Jornal do Brasil".
Sem políticos
Um dos critérios para a seleção
dos sócios é que não sejam políticos. A organização considera que
já há grande presença deles entre
seus afiliados.
Levantamento recente publicado pela Folha mostrou que a Rede
Globo tem 21 afiliadas ligadas a
políticos. Entre eles estão dois ex-presidentes da República (Fernando Collor e José Sarney) e três
governadores: Roseana Sarney
(PFL-MA), Garibaldi Alves
(PMDB-RN) e Albano Franco
(PSDB-SE).
Emenda
A redução da participação societária em alguns afiliadas vem
sendo cogitada pela Globo há alguns meses, mas só ganhou corpo
nas últimas semanas.
De acordo com executivos do
grupo, a Globo estaria apenas se
antecipando no processo de reestruturação do setor que deve
ocorrer com a aprovação da
emenda constitucional 222, que
está em fase final de votação no
Congresso.
A emenda constitucional permitirá a participação imediata de
pessoas jurídicas de capital nacional no quadro societário de empresas de comunicação. A participação de empresas estrangeiras
terá de ser regulamentada por lei
complementar.
De acordo com a legislação em
vigor, apenas pessoas físicas, brasileiros natos ou naturalizados há
mais de dez anos podem ser acionistas de emissoras de televisão
no país.
A Globo conta que essa restrição cairá por terra dentro de dois
meses, com a aprovação final da
emenda no Senado.
Concorrentes
Ainda de acordo com executivos do grupo, os compradores
potenciais que estão sendo sondados são concessionários de radiodifusão e parceiros da família
Marinho em outras emissoras. A
possibilidade de venda para grupos concorrentes (SBT, Record e
Bandeirantes) é dada como inadmissível.
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