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DINHEIRO SUJO
BC ampliará controle Armínio quer mais rigor contra lavagem
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, defendeu ontem a
ampliação do acesso a dados das
movimentações bancárias como
forma de fortalecer o combate à
lavagem de dinheiro, ao terrorismo, ao narcotráfico, à corrupção
e a outras atividades ilegais.
"Há uma fronteira entre o bem
e o mal que hoje protege demais o
mal", afirmou ele, após participar, no Rio, da abertura de um seminário sobre lavagem de dinheiro e terrorismo.
Para Fraga, "é inexorável" que
nos próximos cinco a dez anos
haja uma flexibilização das regras
de sigilo bancário no mundo.
"Vamos caminhar para um mundo no qual cada centavo investido
será identificado", afirmou.
De acordo com Fraga, a tecnologia necessária a que isso seja feito já está disponível, faltando apenas o amadurecimento do debate
sobre os limites das regras de privacidade.
"Não há mais limite para o que
se possa fazer em termos de capacidade computacional", disse ele,
que entende que a tecnologia permite que se busque "asfixiar financeiramente o crime organizado", mas ressalvando que sempre
será possível haver brechas.
Fraga quer que os bancos façam
o máximo para identificar a procedência do dinheiro que acolhem. "Cada banco deve conhecer
cada um dos seus clientes. Temos
feito um esforço enorme para
praticar essa regra", disse.
Para ele, o cumprimento dessa
regra é a base de todo o trabalho
de controle da origem do dinheiro no Brasil e fora dele.
Fraga disse que outra medida
necessária à busca do dinheiro ilegal é restringir ao máximo a emissão de cédulas com alto valor de
face. "A mim parece ser ponto pacífico que só quem carrega notas
elevadas, de 500 ou coisas assim, é bandido", argumentou.
A cooperação internacional entre países e instituições é considerada por Fraga como vital para
que se amplie a caça ao dinheiro
ilegal no mundo. Segundo ele, o
esforço de acompanhamento dos
fluxos financeiros só surte resultados se alguém der alguma pista.
Segundo Fraga, é mais fácil controlar os estoques do que os fluxos. Os estoques, que chamou de
"estacionamento" do dinheiro
sujo, estariam concentrados em
regiões mais desenvolvidas, donas de moedas estáveis que, segundo ele, são "objetos de desejo
dos bandidos". A presidente do
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras), Adrienne Senna, disse que 13,95 mil notificações de manipulação de recursos ilegais no Brasil já foram encaminhadas ao órgão desde 1998,
quando entrou em vigor a lei nš
9.613, que prevê punição para instituições financeiras que não informarem sobre movimentações suspeitas.
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