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PREVIDÊNCIA
Após as críticas recebidas, proposta de aumento da contribuição em três pontos percentuais pode ser retirada
Governo já descarta elevar alíquota do INSS
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após as críticas recebidas na semana passada, o governo já descarta levar adiante a proposta de
elevar em três pontos percentuais
a alíquota de contribuição do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para pagar a dívida de
R$ 12,3 bilhões com os aposentados. A Folha apurou que a proposta "foi rifada", segundo palavras de um dos envolvidos nas negociações.
No sábado, depois de conversar
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, o ministro da Previdência, Amir Lando, divulgou nota
oficial na qual afirmava que a proposta não era definitiva e que,
"em nenhuma hipótese", os trabalhadores iriam precisar pagar
mais para a Previdência.
Estudos do Ministério da Fazenda apontavam que o aumento
da contribuição valeria apenas
para as empresas. Inicialmente, a
proposta foi anunciada com a elevação da alíquota para trabalhadores e patrões como estratégia
de negociação.
O objetivo, na verdade, seria
chegar a uma proposta final mais
amena com o aumento da cobrança apenas para as empresas,
que hoje recolhem 20% sobre a
folha de pagamento como contribuição previdenciária -para os
empregados, as alíquotas vão de
7,65% a 11%, de acordo com a faixa salarial.
A saraivada de críticas contra a
medida -várias vindas de integrantes do próprio governo e
grande parte do setor produtivo- acabou tornando o aumento da contribuição previdenciária
politicamente inviável. Um dos
motivos para isso teria sido o "timing" errado para a divulgação
da proposta, na opinião de integrantes do governo envolvidos na
negociação.
Pai da idéia
A idéia de elevar a contribuição
previdenciária partiu do Ministério da Fazenda. A equipe de Lando defendia, por exemplo, o aumento da alíquota da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). A
área econômica avaliou que a Cofins já tinha sido majorada -passou de 3% para 7,6% em fevereiro
deste ano- e que uma nova elevação causaria mais desgaste para
o governo.
No fim de semana, além de conversar com o presidente, Lando
falou por telefone com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Ricardo Berzoini (Trabalho). Berzoini foi um dos que criticaram publicamente a elevação
da contribuição previdenciária na
última sexta-feira.
Na conversa, Palocci teria dito a
Lando que iria publicamente se
solidarizar com a Previdência, ao
afirmar a importância de buscar
uma fonte de financiamento para
a dívida. A assessoria do ministro
da Fazenda confirmou ontem que
Palocci está preocupado com o
assunto e deverá comentá-lo nos
próximos dias.
Embora a negociação com os
aposentados sobre o acordo para
o pagamento continue como previsto, a intenção é não focar a discussão em fontes de receita.
Setores do governo avaliam que
é melhor ganhar tempo na definição da forma de financiamento da
dívida -o que pode levar a proposta de aumento da contribuição previdenciária a ser reapresentada.
Não há pressa porque, para corrigir as aposentadorias e pensões
neste ano a partir de julho -como foi proposto para os aposentados-, já há R$ 1 bilhão em recursos no caixa do INSS. Pelos
cálculos da área econômica, seria
necessário R$ 1,1 bilhão para corrigir os benefícios a partir do segundo semestre.
No entanto, como a correção
dependerá de adesão prévia dos
aposentados ao acordo do governo, a expectativa é que a despesa
efetiva em 2004 acabe sendo menor, pois as adesões serão graduais.
Já o pagamento da dívida
-atrasados dos últimos cinco
anos- seria parcelado, com a
primeira prestação prevista para
o ano que vem.
Entre as possibilidades em estudo para financiar o acordo com os
aposentados estão medidas na
área de arrecadação da dívida ativa da Previdência. O total de débitos com o INSS se aproxima de R$
200 bilhões. O governo também
aguarda sugestões do Congresso
para fechar o acordo.
A dívida do governo foi originada em 1994. De março daquele
ano a fevereiro de 1997, o INSS
calculou indevidamente as aposentadorias. Não foi aplicado o
IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) no cálculo do benefício. Além do passivo de R$ 12,3 bilhões, o governo precisará corrigir os benefícios, o que terá um
impacto anual de R$ 2,3 bilhões.
Colaborou Sílvia Mugnatto,
da Sucursal de Brasília
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