São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REPAGINADA

Cerveja será vendida nos EUA e na Europa em segmento premium e com nova embalagem de 330 ml a 500 ml

Brahma muda para lançamento no exterior

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK

A partir do próximo mês a AmBev vai vender a Brahma na Europa e nos EUA na categoria de produtos sofisticados (premium) e com uma nova embalagem, que não será comercializada no Brasil.
Custará de 2 a 3 a garrafa de 330 mililitros -até R$ 11- e, nos Estados Unidos, o produto sairá por US$ 0,50 além da média do mercado, atualmente em US$ 2. Ao menos 15 países devem receber a mercadoria até o final deste ano, que será a mesma consumida no Brasil, segundo anúncio da empresa ontem.
Também ontem o grupo belga Interbrew, parceiro da AmBev, comentou os planos para a Brahma e disse que quer vender 150 milhões de litros da bebida fora do Brasil até 2007. Atualmente a produção da Brahma atinge 2 bilhões de litros na América Latina. Ou seja, o volume previsto para a venda nos EUA e Europa equivale a 7,5% do total para a região.
A InBev diz que com o lançamento pretende ainda gerar 30 milhões (R$ 108 milhões) em lucros antes dos juros, impostos e amortização até dezembro de 2007, afirmou ontem o diretor comercial da InBev, Brent Willis, em entrevista em Leuven, na Bélgica.
No Brasil, a direção da AmBev não fez comentários sobre a previsão de receita ou sobre o dia exato dos lançamentos lá fora. Informou que as vendas para atender os mercados nos EUA, Inglaterra e Canadá partirá de fábricas da AmBev no Brasil.
Bélgica, França, Luxemburgo, Holanda, Rússia e Ucrânia receberão o produto das unidades da InBev na Europa. Todos esses países terão o lançamento entre os meses de abril e junho.
Alemanha e China estão temporariamente fora dos planos da empresa. "Não é questão de risco de rejeição à bebida [com sabor mais leve que o de consumo usual no exterior]. O problema é que estamos consolidando uma recente aquisição local na China e nos estruturando", disse o diretor-geral da AmBev, Luiz Fernando Edmond.

Nova embalagem
Na tentativa de fazer o produto cair no gosto do consumidor, a bebida terá nova embalagem e uma campanha de publicidade em todas as mídias (TV, jornais, revistas) na América do Norte e na Europa. De vidro curvilíneo -que lembra o design da Skol Beats-, a garrafa não tem o logotipo da Brahma impresso no papel e colado à garrafa. A palavra Brahma aparece em relevo.
Na fórmula da bebida que vai para o exterior, quase não há alterações. Haverá apenas uma mudança na quantidade usada de lúpulo, planta parecida com a cevada, porque a garrafa transparente tem contato maior com a luz, o que altera o produto. A bebida deve deixar um sabor residual ("bafo") menor na boca.
Com esse produto, a marca será colocada à venda para um público mais sofisticado, que vai pagar 2 nos bares e restaurantes europeus. A AmBev fala em até 3 pela long neck de 330 mililitros. Nos EUA, onde será vendida a embalagem de 335 mililitros, a InBev estima um preço US$ 0,50 superior ao valor médio determinado pelos concorrentes -US$ 2, em média.
No Brasil, o mesmo produto em bares e restaurantes é vendido, em média, por R$ 2,50.
A Brahma será comercializada lá fora em garrafas long neck de 330 mililitros a 500 mililitros. Esses modelos respondem por 40% do consumo do item no exterior. No Brasil, os modelos de 600 mililitros equivalem a 65% da vendas.
"Queremos o público dos 21 a 35 anos, que buscam o novo e que fazem parte do grupo de consumidores "open mind" [cabeça aberta]", disse Carlos Lisboa, diretor de marketing da empresa.
Atualmente, a Brahma tem 18,9% do mercado de cervejas no país e é a segunda bebida do segmento mais vendida. Perde para a Skol, com 33,2% do mercado, segundo números de fevereiro.
Na contramão desse movimento da AmBev, a Interbrew, parceira da brasileira, vai entrar com a Stella Artois no mercado nacional. O estudo para o lançamento de uma marca belga, como a Folha antecipou, já começou a ser feito, confirmou ontem Lisboa.


Texto Anterior: O vaivém das commodities: Perdas no Paraná
Próximo Texto: Campanha une praia, sol, Gisele e Marcelo D2
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.