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Cálculos do governo confirmam perda de FGTS com Selic abaixo de 11% ao ano
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cálculos realizados pelo governo mostram que o dinheiro
das contas do trabalhador no
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) passará a
perder para a inflação quando a
taxa básica de juros (Selic) cair
abaixo de 11% ao ano- o que o
mercado espera ocorrer a partir do ano que vem.
A Folha noticiou na última
terça-feira que os depósitos do
FGTS tendem a perder para a
inflação quando os juros básicos definidos pelo BC forem inferior a 11,5%, segundo estudo
do professor José Dutra Sobrinho, matemático da USP (Universidade de São Paulo). Atualmente, a Selic está em 12,75%
ao ano.
A avaliação da área técnica
do governo é que as contas do
FGTS não correm risco de serem corroídas pela inflação
porque o governo está atento e
impedirá que isso aconteça. Ou
seja, à medida que o Banco
Central promover novas reduções nos juros, o governo deverá alterar a fórmula da TR (Taxa Referencial).
No início de março, o CMN
(Conselho Monetário Nacional) mudou as regras da TR.
Por conta disso, as contas do
FGTS passaram a ter rendimento menor. A TR é calculada
a partir da aplicação de um redutor sobre os juros médios pagos pelos CDBs (Certificados
de Depósito Bancário) dos 30
maiores bancos. O redutor é
variável.
Com a mudança, o governo
decidiu elevar o redutor quando os juros médios ficarem
abaixo de 12% ao ano. Isso aumenta a distância entre a TR e
os juros médio, que variam segundo a tendência da Selic
-cuja trajetória é de queda.
Técnicos do governo ouvidos
pela Folha avaliam que a Selic
em até 11% levaria a uma TR
equivalente a 1,5%. Como os
depósitos do FGTS ainda têm
rentabilidade garantida de 3%,
o rendimento anual atingiria
4,5%. A inflação prevista para
2008, segundo o mercado, é de
4%. A estimativa do próprio
mercado, no entanto, é que a
taxa básica encerre o próximo
ano em 10,5%.
Uma remuneração abaixo da
inflação significa que o trabalhador está perdendo dinheiro.
No ano passado, o governo já
havia alterado as regras de cálculo da TR, passando a usar como parâmetro os juros médios
dos CDBs no lugar da Selic. A
alteração ocorreu para evitar
que a TR ficasse negativa.
O FGTS tem depósitos de
mais de R$ 181 bilhões e, em
2006, os recursos foram remunerados em quase 2% acima da
inflação do período medida pelo IPCA.
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