São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

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Cálculos do governo confirmam perda de FGTS com Selic abaixo de 11% ao ano

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cálculos realizados pelo governo mostram que o dinheiro das contas do trabalhador no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) passará a perder para a inflação quando a taxa básica de juros (Selic) cair abaixo de 11% ao ano- o que o mercado espera ocorrer a partir do ano que vem.
A Folha noticiou na última terça-feira que os depósitos do FGTS tendem a perder para a inflação quando os juros básicos definidos pelo BC forem inferior a 11,5%, segundo estudo do professor José Dutra Sobrinho, matemático da USP (Universidade de São Paulo). Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.
A avaliação da área técnica do governo é que as contas do FGTS não correm risco de serem corroídas pela inflação porque o governo está atento e impedirá que isso aconteça. Ou seja, à medida que o Banco Central promover novas reduções nos juros, o governo deverá alterar a fórmula da TR (Taxa Referencial).
No início de março, o CMN (Conselho Monetário Nacional) mudou as regras da TR. Por conta disso, as contas do FGTS passaram a ter rendimento menor. A TR é calculada a partir da aplicação de um redutor sobre os juros médios pagos pelos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) dos 30 maiores bancos. O redutor é variável.
Com a mudança, o governo decidiu elevar o redutor quando os juros médios ficarem abaixo de 12% ao ano. Isso aumenta a distância entre a TR e os juros médio, que variam segundo a tendência da Selic -cuja trajetória é de queda.
Técnicos do governo ouvidos pela Folha avaliam que a Selic em até 11% levaria a uma TR equivalente a 1,5%. Como os depósitos do FGTS ainda têm rentabilidade garantida de 3%, o rendimento anual atingiria 4,5%. A inflação prevista para 2008, segundo o mercado, é de 4%. A estimativa do próprio mercado, no entanto, é que a taxa básica encerre o próximo ano em 10,5%.
Uma remuneração abaixo da inflação significa que o trabalhador está perdendo dinheiro.
No ano passado, o governo já havia alterado as regras de cálculo da TR, passando a usar como parâmetro os juros médios dos CDBs no lugar da Selic. A alteração ocorreu para evitar que a TR ficasse negativa.
O FGTS tem depósitos de mais de R$ 181 bilhões e, em 2006, os recursos foram remunerados em quase 2% acima da inflação do período medida pelo IPCA.


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