São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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BALANÇA COMERCIAL
Nas três primeiras semanas de março, saldo positivo é de apenas US$ 46 milhões; ainda falta crédito
Exportação travada segura o superávit

da Sucursal de Brasília

A balança comercial registrou superávit de US$ 46 milhões nas três primeiras semanas de março. O resultado modesto aponta a dificuldade de o governo obter o saldo positivo desejado no comércio de bens com o exterior neste mês.
A Folha apurou que, nas três semanas, as exportações somaram US$ 2,618 bilhões, com média diária de embarques de US$ 174,5 milhões. As importações chegaram a US$ 2,572 bilhões, com média de desembarques de US$ 171,5 milhões por dia.
Se as mesmas médias forem mantidas até o próximo dia 31, a balança comercial de março poderá fechar com saldo positivo de cerca de US$ 70 milhões. No ano passado, o mesmo mês registrou déficit de US$ 764 milhões.
Esse cálculo, entretanto, não considera o fato de que, pelo menos na época das minidesvalorizações do real, os desembarques tradicionalmente se concentravam nos últimos dias de cada mês. Se confirmado, esse fato deverá influenciar negativamente no resultado final.

Médias
Por enquanto, os embarques e os desembarques diários estão, em média, bem abaixo daqueles verificados em março do ano passado. A média de exportações por dia nas três semanas foi 10,1% menor que a verificada no mesmo mês de 98.
Embora favorecidas pela desvalorização do real, que torna os produtos brasileiros mais baratos no exterior, as exportações continuam inibidas pela escassez de crédito no mercado e pela incapacidade de as fontes oficiais suprirem essa deficiência de financiamento.
A queda mais expressiva na média de importações diárias, de 25%, indica desaceleração maior nos desembarques. Esse fato foi desencadeado especialmente pela desvalorização do real, que tornou os produtos estrangeiros mais caros no mercado interno, além de medidas anteriores de restrição de desembarques.

Meta difícil
O saldo da balança comercial de março deverá sinalizar o grau de dificuldade para o governo cumprir a estimativa de superávit neste ano.
Nos cálculos do Ministério da Fazenda, o saldo deverá ser positivo em cerca de US$ 8 bilhões. O governo, entretanto, indicou no acordo revisto com o FMI (Fundo Monetário Internacional) uma expectativa bem mais otimista, de superávit de US$ 11 bilhões.
No primeiro bimestre, a balança comercial apresentou déficit de US$ 535 milhões. Portanto, cumprir a estimativa da Fazenda é tarefa que exigirá superávit mensal de cerca de US$ 850 milhões, em média, de março a dezembro.
Para alcançar o resultado previsto no novo acordo com o FMI, o saldo positivo médio nesse mesmo período será de US$ 1,150 bilhão a cada mês de igual período.


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