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Dívidas são entraves na aviação
LÁSZLÓ VARGA
da Reportagem Local
O setor aeroviário é hoje um dos
maiores imbróglios da economia,
no que diz respeito à possibilidade de fusões. Para que as quatro
grandes companhias aéreas, Varig, Vasp, Transbrasil e TAM, pudessem se entender e bater o martelo para se unirem, teria de haver
uma concordância sobre a redistribuição de suas dívidas.
Os débitos giram em torno de
R$ 7,5 bilhões, uma dinheirama.
O grande ponto de discórdia entre os empresários do setor, segundo admite o presidente do
Snea (Sindicato das Empresas Aéreas), brigadeiro Mauro Gandra,
está justamente aí. "Ninguém
quer compartilhar a dívida de outra empresa", afirma.
Além disso, segundo a Folha
apurou junto ao Ministério do
Desenvolvimento, os empresários consideram sua companhia
melhor do que as concorrentes e
não admitem fusão.
Há, no entanto, um certo consenso sobre como poderiam reestruturar suas companhias, evidentemente com muito auxílio do
Estado.
Um dos pontos mais defendidos é uma reforma tributária. O
governo abriria mão de boa parte
do leão no valor das passagens.
"Hoje os impostos representam
35% dos preços, quando nos Estados Unidos um programa já reduziu o percentual de 9,5% para
7,5%", diz Gandra.
Essa diminuição foi adotada pelo governo dos EUA para fortalecer as companhias aéreas daquele
país. Elas são, inclusive, a grande
ameaça para as empresas brasileiras, pois as norte-americanas pretendem entrar em qualquer mercado aéreo, inclusive nas rotas domésticas de outros países. É a chamada política de "céu aberto".
As empresas daqui são radicalmente contra isso. Já não aguentam a concorrência com as companhias estrangeiras nos vôos internacionais e muito menos querem uma competição interna.
De três anos para cá, Varig,
Transbrasil e Vasp eliminaram 20
vôos para os Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia. Apenas a TAM criou sete rotas para
Miami e Paris.
Ao menos nesse ponto as empresas brasileiras e o ministro do
Desenvolvimento, Alcides Tápias, tendem a concordar. Tápias
declara ser contra o fim do limite
de 20% de capital estrangeiro nas
empresas brasileiras, em vigor
atualmente. "Se essa legislação
existe, deve haver um motivo",
afirma.
Equalização
Os prazos de financiamento
oferecidos por empresas como a
Boeing para compra ou aluguel
(leasing) de aeronaves são alvos
de outra reclamação das companhias brasileiras. São de 12 anos,
contra os 20 anos concedidos para a aviação norte-americanas. Isso devido ao maior risco de negócios com as empresas brasileiras.
Os juros cobrados na aquisição
de aeronaves para o Brasil também são mais altos: cerca de 10%
ao ano, contra os 6,5% para as
empresas norte-americanas.
A fim de enfrentar esse problema, uma das idéias é a equalização das taxas de juros. Ou seja, as
empresas querem que o governo
banque parte dos juros pagos na
aquisição de aeronaves. No Proex
(Programa de Financiamento às
Exportações) do BNDES, a taxa
de equalização é de 2,5%.
Apesar de todo discurso a favor
de estímulos, o fato é que os empresários não levaram até agora
um projeto concreto para o Ministério do Desenvolvimento.
O governo assiste à crise do setor, como o atraso no pagamento
dos salários por parte da Vasp,
com distanciamento. O secretário-executivo do ministério, Milton Seligman, mantém contato
com empresários e sindicalistas,
mas a idéia é basicamente ficar
apenas ao par da situação.
Dentro de dez dias, o governo
tomará uma decisão oficial sobre
o que se dispõe ou não a fazer no
setor. Por enquanto, a regra é que
nada sairá do Ministério do Desenvolvimento até que os próprios capitães da aviação se entendam sobre a fusão de suas empresas e tracem um plano conjunto de vôo.
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