|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PSDB e PT criticam a proposta de
inflação maior para o país crescer
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A proposta de elevar a meta de
inflação de 2005 de 4,5% para
5,5% como forma de gerar maior
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), defendida, entre outros, pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), foi duramente criticada ontem pelo líder do PSDB na Casa,
Arthur Virgílio (AM), e pelos senadores petistas Cristovam Buarque (DF) e Tião Viana (AC).
"Não serve aos interesses do
país trazer a possibilidade de mexer nas metas de inflação. Isso é
abrir espaço para algo que pode
ser incontrolável. Não podemos
brincar com a inflação. Não existe
"meia inflação", "meia febre". A febre não fica em 37C a vida inteira. Ela sobe e pode matar. É importante que a gente tenha juízo
nesta hora", disse Virgílio.
Para o senador tucano, os governistas que estão defendendo
essa proposta prestam "um desserviço" ao país.
Ele ressaltou como uma ação
positiva do governo Lula ter vencido as dificuldades econômicas
no início do mandato e ter retomado o controle da inflação.
Cristovam manifestou a mesma
preocupação. "Quando vi essa
proposta [de revisão da meta] fiquei com a impressão de que era
um recado do presidente Lula e fiquei assustado, porque, se for, é
um péssimo recado", disse.
Para o ex-ministro da Educação, além do perigo do descontrole da inflação, propor a revisão da
meta é também um "equívoco" já
que não há, segundo ele, ""correlação entre inflação e crescimento".
Tião Viana, ex-líder do PT no
Senado, considera "perigosíssimo
politicamente" propor a revisão
das metas. "Isso torna vulnerável
uma área do governo que não pode ser atacada: a econômica. Uma
área protegida e que tem merecido grande respeito de observadores internacionais."
Outro lado
A Folha tentou falar com Mercadante, mas ele não foi localizado. Sua assessoria informou que
ele estava no interior de São Paulo
e que tentaria passar o recado,
mas não houve retorno até as 19h.
Questionado sobre a projeção
feita por Mercadante, baseada em
cálculos feitos com os critérios
adotados hoje pelo Banco Central, de que uma meta de inflação
de 5,5% em 2005 permitiria um
crescimento maior do PIB (4%), o
presidente do BC, Henrique Meirelles, disse não saber "qual é o
material do Banco Central em que
o senador está se baseando".
"Ao chegar ao Brasil, vou analisar isso também." E repetiu que
não cabe ao BC gostar ou discordar da meta, mas aplicá-la.
Colaborou Rafael Cariello, de Nova York
Texto Anterior: Meirelles vê ata em sintonia com discurso do Fed Próximo Texto: Frase Índice
|