São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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PSDB e PT criticam a proposta de inflação maior para o país crescer

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta de elevar a meta de inflação de 2005 de 4,5% para 5,5% como forma de gerar maior crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), defendida, entre outros, pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), foi duramente criticada ontem pelo líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), e pelos senadores petistas Cristovam Buarque (DF) e Tião Viana (AC).
"Não serve aos interesses do país trazer a possibilidade de mexer nas metas de inflação. Isso é abrir espaço para algo que pode ser incontrolável. Não podemos brincar com a inflação. Não existe "meia inflação", "meia febre". A febre não fica em 37C a vida inteira. Ela sobe e pode matar. É importante que a gente tenha juízo nesta hora", disse Virgílio.
Para o senador tucano, os governistas que estão defendendo essa proposta prestam "um desserviço" ao país.
Ele ressaltou como uma ação positiva do governo Lula ter vencido as dificuldades econômicas no início do mandato e ter retomado o controle da inflação.
Cristovam manifestou a mesma preocupação. "Quando vi essa proposta [de revisão da meta] fiquei com a impressão de que era um recado do presidente Lula e fiquei assustado, porque, se for, é um péssimo recado", disse.
Para o ex-ministro da Educação, além do perigo do descontrole da inflação, propor a revisão da meta é também um "equívoco" já que não há, segundo ele, ""correlação entre inflação e crescimento".
Tião Viana, ex-líder do PT no Senado, considera "perigosíssimo politicamente" propor a revisão das metas. "Isso torna vulnerável uma área do governo que não pode ser atacada: a econômica. Uma área protegida e que tem merecido grande respeito de observadores internacionais."

Outro lado
A Folha tentou falar com Mercadante, mas ele não foi localizado. Sua assessoria informou que ele estava no interior de São Paulo e que tentaria passar o recado, mas não houve retorno até as 19h.
Questionado sobre a projeção feita por Mercadante, baseada em cálculos feitos com os critérios adotados hoje pelo Banco Central, de que uma meta de inflação de 5,5% em 2005 permitiria um crescimento maior do PIB (4%), o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse não saber "qual é o material do Banco Central em que o senador está se baseando".
"Ao chegar ao Brasil, vou analisar isso também." E repetiu que não cabe ao BC gostar ou discordar da meta, mas aplicá-la.


Colaborou Rafael Cariello, de Nova York


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