São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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MULTIMÍDIA

The Economist - de Londres

Mercados perdem confiança no país

INGLATERRA - O Brasil está menos vulnerável, mas o mercado começa a perder um pouco da confiança no governo Lula.
A expectativa de elevação dos juros nos EUA e dúvidas em relação à política econômica brasileira já são sentidas nos mercados financeiros, e a questão é saber se Lula conterá os nervos.
Os papéis do Brasil que fazem parte do Embi+, índice do JP Morgan que mede o risco-país dos mercados emergentes, perderam mais de 10% entre meados de janeiro e de abril; no mesmo período, o Embi+ caiu 3,3%.
Uma das causas é o medo de que o Fed (o BC dos EUA) aumente a taxa de juros, drenando capital dos mercados emergentes. Mas só essa expectativa não explica a alta do risco-país.
O problema é que a política econômica de Lula é menos popular entre os brasileiros do que entre os investidores. A equipe econômica elevou a meta de superávit primário de 2003 de 3,75% para 4,25% do PIB, escolhendo gastar mais com juros da dívida e menos com estradas, escolas e salários.
O Banco Central, ao mesmo tempo, elevou o juro, que já estava alto, para enfraquecer o repique da inflação. O governo ganhou credibilidade, mas a economia encolheu em 2003, e a promessa de empregos e justiça econômica começou a parecer vazia.
Embora o corte de 10,5 pontos percentuais nos juros desde junho passado tenha impulsionado as exportações e a venda de bens como carros, ainda falta afetar a renda e o mercado de trabalho.
Outra preocupação seria um desvio da disciplina fiscal que sustenta a capacidade do país de pagar suas dívidas. Lula enervou os mercados recentemente ao elevar a proposta de reajuste aos servidores públicos e oferecer verba extra para os sem-terra. E, no momento, Lula tem que decidir sobre o aumento do salário mínimo.


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