São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Para Barbosa, não há hipótese de contrapartida do Paraguai

A revisão dos contratos de Itaipu está longe de ser a única pendência entre Brasil e Paraguai, cuja solução poderá ser desfavorável ao país. "A agenda entre os dois países é muito pesada", afirma o embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho de comércio exterior da Fiesp. "Se o Brasil ceder, será como ato de generosidade. O que poderemos exigir em contrapartida do Paraguai?"
Além do tratado de Assunção, há na pauta a questão agrária, que pode colocar em risco os negócios de 300 mil a 400 mil agricultores brasilguaios. Eles produzem 98% da soja plantada naquele país.
Entram na agenda ainda os ilícitos da fronteira, como são chamados os contrabandistas. Projeto de lei em tramitação no Senado, que prevê a cobrança de 42,25% de imposto sobre todos os produtos importados do Paraguai, é encarado como formalização da pirataria por diversas entidades empresariais.
"Tais produtos, principalmente os industrializados, competem diretamente com os brasileiros", diz Barbosa. "Já estamos fazendo uma grande concessão nesse sentido, atendendo ao governo paraguaio."
Segundo o embaixador, que foi embaixador em Washington durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a questão energética é o tema mais delicado na relação entre os países. Isso porque há ameaças para os consumidores brasileiros: aumento das tarifas e o possível início da venda de energia a outros países latinos, em época de escassez do insumo.
"Durante as negociações sobre o gás boliviano, o discurso era que não haveria aumentos e o consumidor acabou pagando a conta", diz ele. "O Brasil já cedeu a pressões do Paraguai para rever parâmetros financeiros do tratado, no fator de conversão. Precisamos pensar no interesse nacional."
Outra questão levantada por Barbosa diz respeito ao preço pago pelo Brasil pela energia gerada em Itaipu. Somados royalties, compensações financeiras e outros custos, a energia que o Paraguai não consome comprada pelo Brasil custa US$ 41,32, e não US$ 2,70, como foi alardeado na campanha presidencial daquele país.
"O maior problema é que o governo brasileiro tem uma posição ambígua sobre o assunto", diz Barbosa. "Só que temos toda a nossa fronteira feita na base de tratados e, se um for refeito, haverá uma avenida para demandas por mudanças."

NA GALERIA

A quarta edição da SP Arte (Feira Internacional de Arte de São Paulo) começa nesta semana em São Paulo com o maior número de participantes de sua história. As 40 galerias reunidas na primeira edição do evento, em 2005, saltaram para 67. Além disso, estarão presentes sete galerias estrangeiras, provenientes da França, do Chile, da Argentina, de Portugal e do Uruguai. O número de obras expostas também cresceu -passou de 800, em 2005, para aproximadamente 2.400. Além das obras mais valiosas, que chegam a custar R$ 300 mil, há peças que podem sair por R$ 600. De acordo com Fernanda Feitosa, organizadora da SP Arte, como a feira, o mercado de arte global tem se aquecido a cada ano.

CADEIRAS
Roberto Setubal, presidente do Itaú, esclarece que Geraldo Carbone assumirá a área de pessoa física das agências, mas não os segmentos financeiro, de cartão de crédito, veículos e crédito imobiliário. As áreas de veículos e crédito imobiliário continuam sob responsabilidade direta de Marco Bononi. Já cartão de crédito e financeira ficam com José Francisco Canepa. Segundo Setubal, com essa mudança, ele passa a ter 11 pessoas que se reportam diretamente a ele. Antes eram 22.

NAVEGADOR
A Avis Rent a Car passará a oferecer GPS em sua frota.

ACORDO
O Banco do Japão para Cooperação Internacional fez parceria com a Fiesp para incentivar investimentos no Brasil. A assinatura da parceria foi feita em Tóquio, na segunda. O banco investiu US$ 9 bilhões no país, em obras da linha 4 do metrô de São Paulo e no rio Tietê. É o primeiro acordo que o banco faz com uma instituição privada brasileira.

NO FOCO
Shelly Lazarus, chairman e CEO da Ogilvy & Mather Worldwide, desembarca no Brasil em maio, para se reunir com membros da Ogilvy da América Latina e clientes. Sérgio Amado, presidente do grupo, que se encontrou com Lazarus em Xangai na última semana, diz que os Brics entram na pauta de prioridade de investimentos do grupo.

CONFEITO
Oswaldo Nardinelli, diretor de negócios no Brasil da empresa de confeitos Cadbury Adams, irá investir R$ 4 milhões neste ano para realizar o Circuito Halls 2008, que começa nesta semana; o evento de música eletrônica vai realizar 13 festas, até dezembro, em cidades como Belo Horizonte, Juiz de Fora, Recife e outros municípios do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná


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