São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Comissão dos EUA deve autorizar operação em até 48 horas

Detalhes da troca saem amanhã

ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES

O vice-ministro da Economia da Argentina, Daniel Marx, disse ontem que o governo espera poder começar amanhã a divulgar para o mercado financeiro os detalhes da megatroca de títulos públicos negociada pelo país.
Segundo ele, ontem foram entregues os últimos documentos para que a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores dos EUA, para que aprove a emissão e a cotização dos novos títulos no mercado internacional. Marx disse que a aprovação da SEC viria em 48 horas.
A operação visa aliviar os compromissos financeiros da Argentina no curto prazo por meio da troca de títulos com vencimento até 2005 por outros com vencimento até 2030. Estima-se que a troca alcance cerca de US$ 20 bilhões em títulos e que seja concretizada no início de junho.
Ontem o governo enfrentou o que foi considerado o último teste antes da concretização da troca, com o leilão de US$ 500 milhões em títulos de curtíssimo prazo, de três e seis meses.
As taxas de juros a serem pagas pelos títulos leiloados ontem -12,09% para os papéis de três meses e 12,44% para os de seis meses-, apesar de altas, estiveram de acordo com o que havia sido previsto por analistas. Ainda assim, houve uma reação negativa do mercado no final do dia, com uma reversão na queda do risco-país (índice que mede a sobretaxa paga pelo país ao tomar empréstimos em relação ao que pagam os EUA).
O risco-país chegou ao final do dia em 925 pontos (9,25% de sobretaxa), só 5 pontos menor do que o fechamento do dia anterior. Para Hernán Fardi, da consultoria Maxinver, a alta do risco-país no fim do dia não deve trazer dúvidas sobre o êxito da megatroca.
Alguns membros do governo haviam dito que esperavam que o risco-país estivesse abaixo de 800 pontos quando a troca fosse concretizada, para evitar o pagamento de juros muito altos.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Adalberto Rodríguez Giavarini, voltou ontem a explicitar suas diferenças com o ministro da Economia, Domingo Cavallo. O chanceler afirmou ontem que a revisão do acordo automotivo entre Brasil e Argentina, firmado no ano passado, não está na pauta do governo.
Anteontem, Cavallo havia defendido a revisão do acordo e a adoção de um livre comércio no setor, atendendo à pressão das montadoras argentinas. Brasil e Argentina se comprometeram a respeitar a cota de um veículo importado a cada veículo exportado. Com a crise econômica na Argentina, as montadoras querem a revisão do acordo para poder exportar mais para o Brasil.



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