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PREVIDÊNCIA
Petros, fundo de pensão da estatal, acaba com a garantia de aposentadoria definida e passa risco a funcionário
Trabalhar na Petrobras fica menos atrativo
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O principal atrativo dos concursos de admissão de pessoal da Petrobras costumava ser, até agora,
a garantia de aposentadoria aos
55 anos de idade com pensão
equivalente a 90% da média dos
salários dos últimos três anos de
trabalho.
Costumava, porque o conselho
de administração da estatal acaba
de aprovar novas regras para o
plano de aposentadoria da Petros,
fundo de pensão dos funcionários
da Petrobras.
O novo sistema proposto acaba
com a garantia da aposentadoria
definida e adota o modelo da
maioria dos fundos privados de
previdência complementar, em
que o valor do benefício passa a
depender de quanto o empregado
contribuiu e de quanto o dinheiro
rendeu do início da contribuição
à data da aposentadoria.
Risco e vantagens
Trocando em miúdos: a Petrobras vai transferir para os empregados o risco de garantir sua aposentadoria. Em contrapartida, dará vantagens que não existem no
sistema atual.
O novo plano será obrigatório
apenas para os novos empregados, mas a estatal espera convencer os 41 mil contribuintes ativos
da Petros e os 49 mil inativos
(pensionistas) de que ele será
mais vantajoso do que o plano
atual.
As regras
O presidente da Petros, Carlos
Flory, antecipou, em entrevista
exclusiva concedida à Folha, as
regras do novo plano, que ainda
terão de ser aprovadas pelo Departamento de Controle das Estatais e pela Secretaria de Previdência Complementar:
1) a contribuição mensal do funcionário para o fundo de pensão,
que hoje é de 11% sobre o salário,
cai para 7,5%. Para cada real descontado do funcionário, a Petrobras contribuirá com valor igual
(essa proporção já é adotada pelo
plano atual);
2) a contribuição da patrocinadora passa a ter três destinações:
56% vão para a conta do empregado, 33% formarão um fundo
para a cobertura de riscos e o restante cobrirá os custos administrativos;
3) se, durante o período da contribuição, o fundo alcançar apenas a rentabilidade mínima estabelecida no plano atuarial, o funcionário deverá se aposentar com
70% da média dos últimos 36 meses de salário;
4) se o funcionário deixar a empresa, poderá levar 100% do que
contribuiu (o limite atual é de
60%) para o novo fundo ao qual
se filiar. A cada dois anos, poderá
sacar 2% da contribuição feita pela patrocinadora;
5) no momento da aposentadoria, o empregado poderá sacar
25% do bolo acumulado em sua
conta.
Chamariz
Vários incentivos foram criados
para estimular os empregados
atuais e os inativos a migrar para
o novo plano. O presidente da Petros sustenta que os funcionários
que migrarem não sofrerão perdas e que será adotado um sistema misto de cálculo que garantirá
os direitos adquiridos até o momento da migração.
Ele diz que uma vantagem é a
possibilidade de aumento do valor da pensão para os empregados
que permanecerem na ativa após
os 55 anos.
"O funcionário que se aposentar aos 60 anos poderá se aposentar com 100% do salário. Hoje, todos se aposentam com percentual
igual", afirma Flory.
Bônus
Aos aposentados da empresa
estatal serão oferecidos bônus em
dinheiro (um ou dois salários) para convencê-los a trocar a aposentadoria garantida pelo sistema de
risco.
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