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IMPOSTOS
Bancos deixaram de recolher tributos de seus clientes desde 98; Receita Federal não divulga nomes de instituições
Sonegação com CPMF chega a R$ 5 bilhões
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal informou ontem que pode chegar a R$ 5 bilhões o total que instituições financeiras deixaram de recolher
de CPMF (imposto do cheque) de
seus clientes desde 98. A arrecadação anual da contribuição está
estimada em R$ 20,2 bilhões neste
ano.
No início do ano, o Banco Central disse que alguns bancos estavam fazendo com que o dinheiro
de grandes clientes transitasse por
distribuidoras de valores em vez
de contas bancárias, o que evitava
o recolhimento da CPMF.
Os fiscais consideram que os
bancos estão usando de artifícios
aparentemente legais para burlar
a cobrança da contribuição.
Segundo a assessoria do secretário da Receita, Everardo Maciel,
a apuração em cinco bancos deverá resultar em autuações de R$ 3
bilhões. Mas ainda existem outros
dois bancos na mira da fiscalização, que devem ser autuados em
mais R$ 2 bilhões.
A Receita não pode divulgar os
nomes dos investigados. A Folha
apurou que pelo menos quatro
instituições financeiras têm recursos no Conselho de Contribuintes relacionados à cobrança
da CPMF. São eles: Banco do Brasil, Santander, Unibanco e Citibank Leasing. O conselho é a última instância de recurso administrativo dos contribuintes.
A Folha não teve acesso aos recursos porque os processos ainda
não foram distribuídos. A assessoria de imprensa do Citibank
disse que o recurso certamente
não é contra o recolhimento da
contribuição, mas relacionado a
alguma espécie de recálculo.
A assessoria do Santander informou que o banco não discute
assuntos que ainda não foram definidos pela Justiça e a do Banco
do Brasil explicou que precisaria
de mais tempo para saber qual recurso está no conselho.
Ricardo Andrade, da área jurídica do Unibanco, disse que a Receita está questionando cerca de
sete operações do banco nas quais
foram emitidos cheques administrativos para clientes para adiantamento de contratos de câmbio.
Esses cheques não foram depositados em conta bancária (por
opção do cliente), mas usados em
outras operações como pagamento de impostos. Portanto, não
houve incidência de CPMF na
transação. Segundo Andrade, a
Receita diz que esses cheques deveriam ter sido depositados em
conta, mas o banco alega que essas operações não têm natureza
financeira.
O Conselho de Contribuintes
ainda analisou um caso relacionado ao banco Itaú, que acabou sendo anulado por irregularidades
no julgamento da matéria pela
própria Receita.
Maciel informou que neste mês,
por causa da tentativa dos bancos
de burlarem o pagamento da
CPMF, 39 autuações já foram feitas no valor de R$ 423 milhões.
Outras 532 autuações foram relativas ao envio irregular de informações sobre a CPMF.
Imposto de Renda
A assessoria do secretário também informou que já chegou a R$
5,4 bilhões o total de autuações
em razão do cruzamento de informações da CPMF com as declarações de Imposto de Renda. Nesse
caso, os fiscais confrontam a movimentação bancária dos contribuintes com a renda declarada.
Somente em razão da fiscalização feita com as movimentações
bancárias de 98, a Receita investigou 2.157 contribuintes (entre
empresas e pessoas físicas), o que
resultou em cobranças de R$ 1,792 bilhão.
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