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LUÍS NASSIF
Uma carta de princípios
O documento "A Retomada do Desenvolvimento: Diretrizes para a Atuação
do BNDES" -que será oficialmente divulgado hoje pela instituição- clareia alguns pontos sobre o que poderá ser a
atuação do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Não chega a ser um planejamento estratégico, mas uma
consolidação de princípios que
ajuda a clarear um pouco a
área e reduzir o nível de ruído
sobre as intenções do banco.
Grosso modo, o documento
define três objetivos centrais. O
primeiro, o da indução e apoio
para que as empresas brasileiras se pautem por padrões internacionais de competitividade. O segundo, uma estratégia
de política de comércio exterior. O terceiro, propostas de
inclusão social.
Em relação à competitividade internacional das empresas
brasileiras, o documento enfatiza a importância da inovação
tecnológica, como forma de
agregar valor aos produtos. E
também o foco na ampliação e
na recuperação da infra-estrutura, de acordo com prioridades definidas no Plano Plurianual de governo.
A idéia é pensar a cadeia produtiva e identificar gargalos à
produção, de acordo com prioridade definidas no âmbito dos
Fóruns de Competitividade estabelecidos pelo Ministério do
Desenvolvimento Industrial e
Comércio Exterior (MDIC).
Em relação ao comércio exterior, a idéia do banco é estender sua atuação para novas
frentes. Uma delas é estimular
a ação internacional de empresas brasileiras, especialmente
em outros países da América
do Sul. A outra é a participação
em fóruns internacionais, buscando colher subsídios para
uma política de financiamento
às exportações que permita desenvolver inovações financeiras visando equalizar as taxas
de juros do financiamento às
exportações, o aprimoramento
dos mecanismos de seguro de
crédito e a busca de acordo de
crédito recíproco, permitindo
economizar divisas. E pretende-se -sim- induzir a uma
política de substituição de importações, modificando o "conteúdo tecnológico da estrutura
produtiva, de forma a ampliar
o dinamismo das exportações e
substituir importações por produção local".
A inclusão social, enfatizada
de forma indevida nos primeiros pronunciamentos da atual
diretoria -posto que não pode
ser foco central de um banco de
desenvolvimento-, agora encontra o eixo adequado. Será
um desdobramento dos investimentos em infra-estrutura e
também do apoio a pequenas e
microempresas por meio do
banco social em parceria com
bancos do povo e organizações
sociais. Pretende-se também
estimular experiências sociais
inovadoras, que possam ser replicadas por organizações sociais.
Além disso, pretende-se induzir à distribuição espacial dos
investimentos -algo que não
deveria fazer parte do escopo
do banco, mas sim de políticas
públicas mais amplas. Mesmo
assim, essa tarefa poderá ser
exercida por meio de convênios
com outros bancos públicos
com essa vocação.
Ainda não se tem o planejamento estratégico nem como
avaliar a operação do banco
antecipadamente. Mas, pelo
menos, o documento devolve a
racionalidade ao debate, expurgando receios alimentados
por um excesso de declarações
iniciais desencontradas.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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