São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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GASTO BRASIL

Entre 1996 e 2003, rendimento caiu 18%, aponta pesquisa do IBGE; Distrito Federal tem a maior média, Recife, a pior

Família perde renda em áreas metropolitanas

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Embora os recentes dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) tenham revelado que o consumo cresceu e se sofisticou desde a década de 70, a renda das famílias brasileiras que vivem em metrópoles caiu nos últimos anos.
Entre os anos de 1996 e 2003, o rendimento total recuou 18% nas principais regiões metropolitanas do país. Descontada a inflação nesse período, a renda média das famílias passou de R$ 2.630, em 1996, para R$ 2.154, em 2003.
Os dados foram obtidos a partir da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 1996 e de 2003 -esta última divulgada na semana passada pelo IBGE- e foram corrigidos pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado de setembro de 1996 a janeiro de 2003 -58,8%.
O levantamento considera nove regiões metropolitanas, além de Goiânia e do Distrito Federal -a pesquisa de 2003 é nacional, mas a de 1996 só foi feita nessas áreas.
Diferentemente de pesquisas como a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), o rendimento apurado considera todas as fontes de recebimentos, e não só as do trabalho. É, segundo especialistas, mais completo e reflete melhor as condições de renda das famílias.
A informações de 2003 mostram que Recife é a região que tem o menor rendimento. As famílias lá recebem, em média, R$ 1.322. É 54,1% menos do que a renda média dos domicílios do Distrito Federal (R$ 2.878), a maior do país. Depois, vem São Paulo (rendimento médio de R$ 2.401).
Os dados apontam ainda que as fontes de recebimento das famílias são bastante distintas em cada uma das áreas. Ex-capital federal e com um grande contingente de servidores públicos e órgãos da União, o Rio de Janeiro apresenta a maior participação de aposentadorias na composição total da renda -18%, ou R$ 410, de um rendimento de R$ 2.194. Esse percentual é de 12,5% no Distrito Federal e de 6,8% em São Paulo.
Na média, o peso das aposentadorias é de 11,6%. Em 1996, essa parcela era menor: 10,36%.

Informalidade
Uma outra constatação possível a partir dos dados da POF é o grau de informalidade em cada região, medido a partir da contribuição da renda dos trabalhadores por conta própria no total do rendimento. Essas pessoas estão, em geral, ocupadas como camelôs ou vivendo de biscates.
Em Belém, o recebimento desse contingente de trabalhadores corresponde a 20% da renda total, o mais alto percentual do país. Também são elevadas as participações em Curitiba (17,7%), Fortaleza (15,9%) e Goiânia (15,4%).
No outro extremo, apenas 5,6% da renda total das famílias do Distrito Federal vem dos trabalhadores por conta própria. Em São Paulo, o percentual é de 13%.
Na média das 11 áreas, a participação do trabalho por conta própria na renda total das famílias é de 12,3%. Em 1996, esse percentual era maior: 17,9%.

Aplicações
A comparação entre os dois períodos mostrou também que caiu o peso do rendimento das aplicações financeiras na renda das famílias brasileiras.
Em 1996, sua participação no rendimento total era de 4,7%. Caiu para apenas 1,95%. Em Recife representa só 0,1%. Já em São Paulo o peso do rendimento dos investimentos financeiros na renda total das famílias é de 3%.


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