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MERCADO FINANCEIRO
Para especialistas, atividade econômica esfriou e há menos espaço para aumentar os preços neste ano
Taxa de juros só deverá cair no fim do ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de afirmar se o ciclo de alta dos juros básicos chegou a seu
último capítulo ou não, os analistas financeiros esperam ansiosos
pela divulgação da ata da reunião
do Copom para afinar suas opiniões. A expectativa dos especialistas, porém, é que as taxas comecem a cair a partir do último trimestre deste ano.
Na próxima sexta-feira, o Banco
Central divulgará o documento,
que trará explicações sobre os
motivos que levaram os integrantes do Copom (Comitê de Política
Monetária) a decidir em favor da
nona alta consecutiva da taxa básica de juros da economia (Selic).
Na quarta-feira, o Copom anunciou a elevação da taxa Selic de
19,50% para 19,75% anuais.
O economista-chefe do ABN
Amro Asset Management, Hugo
Penteado, diz que é fundamental
esperar a divulgação da ata da
reunião ocorrida na semana passada para afirmar se acabou ou
não o ciclo de altas. "Os juros devem começar a ser reduzidos em
outubro, para chegar a 18% no
fim do ano", afirma o economista.
Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, diz que
"parece que o BC vai aguardar a
efetiva queda dos índices de preços ao consumidor para encerrar
o ciclo de aperto monetário".
Na quinta-feira, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou a segunda prévia do IGP-M de maio,
que registrou deflação de 0,09%,
dado importante levando em
consideração que o BC ajusta sua
política monetária de olho na evolução da inflação. Mas, segundo
ponderam analistas, junho e julho
podem trazer pressões extras sobre os índices, em conseqüência
do período de entressafra.
A Modal Asset opina, em relatório assinado pelo economista Alexandre Póvoa, que a ata do Copom deve vir "em linha" com as
duas últimas, sem grandes sinais
para a reunião de junho. Ao dar
início, em setembro passado, ao
processo de alta dos juros, o BC
buscou esfriar a economia: se o
consumo é menor, há menos espaço para os preços subirem.
No caso dos custos para o setor
produtivo, o aumento dos juros
básicos é algo sempre negativo. A
Selic serve de referência para as
taxas praticadas no mercado financeiro: se ela sobe, as outras são
pressionadas. A taxa prefixada
para 360 dias, por exemplo, saiu
de 17,80% em dezembro de 2004
para atingir os 18,95% anuais na
sexta-feira. Essa taxa é uma referência para os juros cobrados do
setor produtivo.
Na quinta-feira, primeiro dia de
negócios após a decisão do Copom, o mercado futuro de juros
se agitou. Na BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros), o número de contratos DI -que espelham os juros praticados entre os
bancos- girados na quinta saltou 46% em relação ao pregão anterior. A taxa do contrato DI mais
negociado, com vencimento em
janeiro de 2006, subiu de 19,40%
para 19,60%.
Se a ata do Copom trouxer um
diagnóstico mais pessimista, o
mercado de juros futuros tem tudo para voltar a se agitar. Apesar
de poucos afirmarem que o ciclo
de alta do juros já acabou, os investidores estão majoritariamente posicionados nesse sentido na
BM&F.
O último boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostra a
previsão média do mercado financeiro de que a taxa Selic vai estar em 18% no fim de 2005 -quase dois pontos percentuais abaixo
da atual taxa. Ou seja, as apostas
são de que os juros voltarão a cair
a partir do último trimestre deste
ano.
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