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Analistas vêem menor vulnerabilidade
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O tombo dos mercados brasileiros ontem refletiu o receio,
no mundo todo, de que finalmente pode começar o ajuste
da economia dos EUA, processo que levaria a economia global a crescer menos. Na prática,
ninguém sabe se as turbulências são apenas um soluço ou o
início do tão esperado ajuste.
"A discussão nesses dias é saber como entender o que está
acontecendo lá fora. A maior
parte dos analistas, dentre os
quais me incluo, ainda acredita
que se trata de evento de curto
prazo, que não tem a força de
afetar as trajetórias de longo
prazo", diz Roberto Padovani,
da Tendências.
Ele lembra que, no caso brasileiro, mesmo com a alta do
risco-país, o indicador se situa
ainda em patamar inferior aos
300 pontos, nível, para os padrões históricos do Brasil, ainda baixo. "Qualquer coisa entre
200 e 300 pontos é absolutamente positiva do ponto de vista histórico."
Para Padovani, o fato de o risco-país -que é medido pela diferença entre os juros pagos pelos títulos dos governos brasileiro e norte-americano- ainda situar-se em níveis historicamente baixos é relevante, já
que as oscilações têm impactos
na formação da taxa de câmbio,
no custo de captações e na definição dos juros internos.
Desde a última crise que
atingiu a economia brasileira,
no final de 2002, os indicadores
de vulnerabilidade externa melhoraram muito. Naquele período, quando a desconfiança
em relação aos resultados da
eleição presidencial agitava os
mercados, o nível de reservas
estava em US$ 37,8 bilhões.
Hoje, são US$ 59,8 bilhões.
Melhores indicadores
O maior nível de reservas, alimentado em grande parte pelos
saldos comerciais recordes,
melhorou os indicadores de
vulnerabilidade externa. "Pagamos dívida externa de curto
prazo e se percebe que, qualquer que seja o governo, há
vontade política de pagá-la."
É difícil prever agora o que
pode ocorrer nas próximas semanas. Por enquanto, entre os
otimistas, que são ainda a
maioria dos analistas, a percepção é a de que não se trata se
uma crise ou de uma reversão
muito forte no cenário externo.
"Não temos certeza do que
acontecerá, nem de que isso é o
início de um ajuste maior ou se
é evento pontual. Os efeitos de
um ajuste [nos EUA] sobre a
economia global seriam grandes", diz Ricardo Amaral, chefe
de pesquisas para a América
Latina do West LB.
Ele aponta também para a
melhora do que os economistas
chamam de fundamentos da
economia brasileira. Processo,
aliás, que ocorreu em praticamente todo o mundo emergente, com países exibindo melhora nas contas públicas e no resultado das contas externas.
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