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Governo bloqueia mais R$ 5,6 bilhões no Orçamento
Preocupação com medida é evitar que gasto não-previsto comprometa cumprimento da meta de ajuste fiscal no ano
Superávit do setor público no ano pode chegar a 4,5% do PIB se contenção for mantida; Planalto diz que cobrirá despesas extras
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além do corte de R$ 14,2 bilhões em despesas orçamentárias anunciado na semana passada, o governo promoveu um
bloqueio adicional preventivo
de R$ 5,6 bilhões nos gastos
previstos para este ano.
Em tese, o bloqueio adicional
permite um aperto fiscal superior à meta oficial, que é um superávit primário -a parcela
das receitas destinada ao abatimento da dívida pública- de
4,25% do PIB. Se não for alterada até o final do ano, a medida,
que consta de decreto presidencial divulgado ontem, pode
levar o superávit à casa dos
4,5% do PIB.
Ao menos oficialmente, porém, não é essa a intenção do
governo. Segundo o Ministério
do Planejamento, trata-se de
reserva de recursos que pode
ser usada para cobrir despesas
ainda não incluídas nas previsões para o ano. Entre esses
gastos extras, estão negociações salariais ainda em curso
com o funcionalismo federal.
Apesar das explicações, o novo decreto acrescenta mais dúvidas em relação à orientação
da política fiscal para este ano,
disputada por dois grupos de
pensamento oposto.
O ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) e o presidente
do BC, Henrique Meirelles,
apoiavam as propostas do ex-titular da Fazenda Antonio Palocci Filho para um aprofundamento do aperto nas contas públicas, que incluiria o aumento
do superávit primário -na prática, os superávits superaram a
meta em 2004 e 2005. Os planos de Palocci foram derrotados nos embates internos pela
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil), ainda mais fortalecida
com a substituição de Palocci
por Guido Mantega.
Desencontro
Desde então, tem havido declarações desencontradas sobre o superávit do ano, ora acenando para mais gastos, ora para mais aperto. Entre analistas,
há dúvidas até se a meta oficial
poderá ser cumprida.
O corte orçamentário da semana passada ficou bem abaixo
dos R$ 20 bilhões esperados
com base nas projeções de arrecadação do próprio governo
-que acabaram tendo elevação
de quase R$ 14 bilhões em relação à estimativa anterior.
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