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Mulher chefia mais lares e trabalha mais; renda cai
De 91 a 2000, taxa de ocupação feminina aumentou em todas as faixas etárias
No Sul e Sudeste, negras e pardas recebem 50% a menos que brancas, diz IBGE; renda média foi de R$ 330 para R$ 300 no Sudeste
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Ao contrário do que aconteceu com os homens, aumentou,
em todas as faixas etárias, a taxa de ocupação das mulheres
entre 1991 e 2000. A faixa etária
em que houve o maior crescimento foi entre 25 e 49 anos,
que subiu de 45,3% para 61,5%.
Se estão trabalhando mais,
elas também estão ganhando
menos em todas as regiões -no
Sudeste, seu rendimento médio caiu de R$ 330 para R$ 300.
O número de domicílios chefiados pelas mulheres cresceu
37%, passando de 18,1% para
24,9% neste período. Esses domicílios têm melhores condições de saneamento básico do
que o chefiado por homens. Os
dados constam da pesquisa do
Snig (Sistema Nacional de Informações de Gênero), baseados nos Censos de 1991 e 2000,
divulgada ontem pelo IBGE e
feita em parceria com a Secretaria Especial de Política para
as Mulheres.
"As mulheres foram maciçamente para o mercado de trabalho na década de 90. Uma intensa mudança comportamental se aliou à queda da renda e
ao empobrecimento das famílias, empurrando seus membros para o mercado de trabalho", disse a economista da
Universidade Federal Fluminense Hildete Pereira de Melo.
Apesar do aumento na taxa
de ocupação, as mulheres se
empregam prioritariamente
em ocupações chamadas "extensões da vida doméstica", como trabalhadoras domésticas
ou sem remuneração (27,4%).
Elas ganham em média 30% a
menos do que os homens.
As regiões Centro-oeste, Sul
e Sudeste concentram a maior
proporção de discriminação,
tanto de gênero, quanto de cor.
Nessas regiões há maior proporção de mulheres que ganham menos de 70% dos rendimentos dos homens.
"É pura discriminação. Essa
é uma das batalha mais sérias
das mulheres: salário igual para
trabalho igual", disse Hildete.
A pesquisa mostra que mulheres negras e pardas ganham
ainda menos do que as brancas.
Em 2000, elas recebiam em
média 51% do rendimento médio das brancas. A diferença salarial é maior na área urbana do
Estado do Rio, onde as pretas e
pardas chegam a ganhar só
48,6% da renda das brancas.
Norte e Nordeste, regiões onde normalmente o rendimento
é menor também para homens,
tem desigualdade menor.
"No Brasil, as conquistas das
mulheres foram enormes nas
últimas décadas. Uma delas foi
o acesso à educação, que beneficiou em especial as mulheres.
Hoje, quase 64% dos que concluem o ensino superior são
mulheres. Mas o impacto dessa
situação no mercado de trabalho ainda não se fez. Levará algum tempo ainda", disse a ministra Nilcéa Freire (Secretaria
Especial de Políticas para Mulheres) no lançamento no Rio.
Apesar de ter diminuído um
pouco o fluxo migratório do
Nordeste para o Sudeste, aumentou profundamente a diferença entre homens e mulheres que migram. Em 1991, entre
os homens que moravam no
Nordeste havia pelo menos cinco anos, 290.679 foram para o
Sudeste. O número de mulheres foi de 292.370.
Já em 2000, o número de
mulheres (281.872) que migraram foi 22,5% maior que o de
homens (218.185), provavelmente em razão das parcas
oportunidades de trabalho no
Nordeste.
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