São Paulo, sábado, 23 de maio de 2009

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Valorização do real é "preocupante", diz Mantega

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A recente valorização do real ante o dólar -ocorrida principalmente com a volta do fluxo da moeda americana ao país, trazida por investidores estrangeiros- é "preocupante", mas um sinal da "robustez" do país, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em seminário sobre a crise econômica realizado em São Paulo.
O ministro disse que, após o "tombo" do último trimestre de 2008 (queda de 3,6% do PIB), a economia brasileira já dá bons sinais, com recomposição de crédito e melhora de indicadores -como o de emprego, com 106 mil vagas criadas em abril.
"Na primeira melhora que deu lá fora, você já tem um forte fluxo de capitais para o Brasil." Resultado disso, afirma, é o fortalecimento do real ante o dólar -agora, fonte de preocupação, por "atrapalhar os setores produtivos, exportadores etc.".
Para evitar maior desvalorização do dólar ante o real, Mantega disse que o Banco Central já atua na compra de dólares para recompor reservas internacionais e na manutenção da queda nas taxas de juros. A recomposição de crédito, apesar de já ter melhorado, "ainda não é a ideal", ressaltou.
Apesar de "o pior da crise" já ter passado, segundo o ministro, o "spread" e a taxa de juros ainda são altos e é neles que as ações do governo devem se direcionar nos próximos meses.
"O BC tem sinalizado que vai dar continuidade à queda dos juros, creio que essa é a direção correta. Mas temos de reduzir mais fortemente o "spread" de todos os bancos, privados e públicos. E é o que vamos fazer nos próximos meses", disse, sem detalhar planos.
Para Mantega, o Brasil já está "em vias de recuperação". "[Em 2010], países como o Brasil já poderão alcançar crescimento de 4% ou 5%, voltando ao crescimento do ano passado."
A análise otimista foi feita após fala do Prêmio Nobel Nouriel Roubini, para quem a recuperação das economias -mesmo emergentes- será lenta e se arrastará por dois anos. Roubini disse que o Brasil deve ter crescimento zero neste ano, mas pode ter retração de 1%.
Ontem, Mantega voltou a dizer que o quarto trimestre já fechará com PIB em alta de 3% a 4% -no ano, haverá alta de 1%. Na semana passada, o ministro havia admitido a possibilidade de a economia brasileira crescer zero em 2009.
Para o ministro, a força da economia do país reside na baixa dependência do comércio internacional, na quantidade de reservas e na expansão do mercado interno, graças à massa salarial conquistada. "Os setores que deverão crescer mais [em 2009] são os voltados para o mercado interno."
Questionado, Mantega negou a possibilidade de reduzir a meta de inflação em 2011. Até 2010, a meta é de 4,5%.


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