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Reajuste do mínimo eleva pisos salariais
Dieese revela que alta real do salário mínimo puxou rendimentos em 2008
Tendência de proteção de
salários baixos pode ser
afetada se houver retração
do PIB, variável usada para
calcular reajuste do mínimo
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O reajuste do salário mínimo
protegeu o poder de compra
dos pisos salariais no ano passado, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O valor do mínimo serve como parâmetro em negociações de aumentos para os salários mais baixos.
"Os reajustes reais do salário
mínimo estão empurrando os
pisos para cima", afirma Luis
Ribeiro, técnico do Dieese.
No ano passado, o salário mínimo teve aumento real de 4%,
e, em 2007, de 5,1%. Com o incremento, a relação entre pisos
e salário mínimo caiu: passou
de 1,73% em 2005 para 1,34%
em 2008. Ribeiro diz que a queda não significa perda de salário, e sim aproximação dos pisos ao valor do salário mínimo,
que agora vale mais.
Cerca de 77% dos pisos salariais negociados em 2008 não
ultrapassam 1,5 salário mínimo. O percentual é igual ao de
2007. No ano passado, só 2%
das categorias obtiveram pisos
acima de 2,5 salários mínimos.
Fábio Romão, consultor da
LCA, destaca que, embora a taxa de ocupação tenha melhorado até o ano passado, o aumento dos salários e a diminuição
da desigualdade de renda são
um processo mais lento. "A política de ganho real do mínimo
durante parte do governo Fernando Henrique Cardoso e no
governo Lula trabalha para melhorar a distribuição de renda,
embora só isso não resolva."
Campo
A maior incidência de salários baixos de ingresso está no
campo. Comércio e serviços
são os setores em que são mais
recorrentes os pisos superiores
a dois salários mínimos.
Na indústria, quase um terço
das negociações sindicais obteve pisos superiores a 1,5 salário
mínimo em 2008. O Dieese
analisa que não houve queda
dos pisos em razão da crise e
que o ajuste para suportar a retração da economia foi feito no
número de funcionários, e não
no valor dos salários que servem de base para admissão.
Perspectivas
De acordo com Ribeiro, a crise não afetou as negociações
dos pisos no ano passado, pois a
economia brasileira só começou a dar sinais de retração no
último trimestre do ano. Para o
pesquisador, só será possível
determinar quais serão os efeitos da retração da economia para os salários no final do ano.
"A depender do que vai ocorrer, é possível que a política de
valorização do salário mínimo
mude, mas por enquanto os dados continuam mostrando aumento real no salário mínimo e
nos pisos", diz o pesquisador. O
salário mínimo teve aumento
real de 5,8% neste ano.
A política adotada pelo governo para determinar os reajustes do salário mínimo considera a inflação e o crescimento
do PIB (Produto Interno Bruto). Claudio Dedecca, professor
da Unicamp, afirma que, caso a
economia tenha crescimento
zero ou encolha neste ano, o papel do salário mínimo para a
sustentação dos baixos rendimentos e da atividade econômica se reduzirá.
"Entretanto, a preservação
de seu valor real é importante
se um contexto de retração econômica ocorrer."
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