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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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BC deve manter credibilidade, diz Werlang

DA REPORTAGEM LOCAL

Considerado o maior formulador do sistema de metas de inflação aplicado no Brasil, Sérgio Werlang, ex-BC, hoje diretor do Itaú, afirma que o governo não deveria modificar a meta de 2004.
Para ele, a meta de 5,5% para o próximo ano pode ser cumprida. Argumenta que o BC deve zelar por sua credibilidade. ""O desejável seria manter a meta de 2004 e fixar a de 2005 da forma que o governo do PT entende ser a ideal. Se mudarem a de 2004, não será um desastre. O que não pode é haver outra modificação em 2004."
A seguir, os principais trechos da entrevista. (JOSÉ ALAN DIAS)

Folha - Como o sr. vê a intenção do governo de modificar, mais uma vez, a meta de inflação de 2004?
Sérgio Werlang -
O sistema está em funcionamento com metas que foram ajustadas de um governo para o outro. Se o governo do PT quiser modificar a meta, ainda há tempo. Que aproveite este momento, em que fixará a meta de 2005, e diga quais serão as metas [para 2004, inclusive] que o governo do PT vai seguir.

Folha - Seria possível cumprir a meta de 5,5% para 2004?
Werlang -
O BC já mudou a meta deste ano para 8,5% e a do ano que vem para 5,5%. Do meu ponto de vista, continuariam as mesmas [alguns economistas, como Ricardo Carneiro, da Unicamp, defendem a revisão da meta deste ano]. Se modificarem, vou compreender. O mercado deverá entender: "É um novo governo e resolveu colocar novas metas". Quando o BC for independente, tal coisa não deverá ocorrer.

Folha - O sr. acredita que a meta de 2004 pode ser cumprida, ou defende que não a alterem pelo risco de o sistema cair em descrédito?
Werlang -
As duas coisas. Creio que a meta original para o ano que vem pode ser cumprida. O desejável seria colocar a meta de 2005 como eles querem que seja e não mexer na de 2004. Vejo como importante a manutenção [da meta]. Quanto mais credibilidade tiver o BC, mas fácil será manter a inflação na meta. Agora, se modificarem, também não vai ser um desastre porque será a primeira vez que o governo do PT fixará metas. O que não pode é haver outra modificação em 2004.

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