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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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Receita quer aumentar tributação

DA REPORTAGEM LOCAL

A maior terceirização do mercado de trabalho tem preocupado o governo. Por isso, a Receita Federal estuda formas de aumentar a tributação das empresas. O primeiro passo foi dado com a recente aprovação do aumento da base de cálculo da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), a partir de setembro.
"A partir de 1998, a alíquota do Imposto de Renda para profissionais que ganhavam mais de R$ 1.800 por mês (hoje, R$ 2.115) subiu de 25% para 27,5%. Isso pode ter levado alguns profissionais a optar pela terceirização. Afinal, a carga tributária para as pequenas empresas é menor", diz Alexandre de Freitas Barbosa, economista da Secretaria Municipal do Trabalho de São Paulo.
Preocupada com essa tendência e com a necessidade crescente de arrecadação, a Receita Federal tem se movimentado. Desistiu de criar uma alíquota maior de IR para profissionais com salários mais altos porque se deu conta de que essa base de contribuintes é cada vez menor.
Nas contas da advogada Elisabeth Libertuci, especialista em direito tributário, os trabalhadores com carteira assinada e salário mensal superior a R$ 10 mil não passam de 100 mil no país.
Por isso, a Receita busca caminhos alternativos, como o aumento de 166,7% na CSLL. Hoje, a base de cálculo da CSLL corresponde a 12% do faturamento. Sobre esse valor aplica-se 9% (num faturamento mensal de R$ 100 mil, são R$ 1.080, ou seja, 9% de R$ 12 mil). A partir de setembro, a base de cálculo sobe para 32%. Sobre os mesmos R$ 100 mil de faturamento, serão cobrados R$ 2.880 (9% de R$ 32 mil).
Segundo especialistas, essas mudanças deverão representar arrecadação anual extra de apenas R$ 300 milhões a R$ 350 milhões, valor equivalente a pouco mais de 0,10% do total arrecadado pela Receita Federal em 2002.
Por isso, novas mudanças são esperadas. A próxima deverá vir sobre o cálculo do lucro presumido, que permite que empresas com faturamento bruto de até R$ 24 milhões por ano paguem IR sobre uma expectativa de lucro, o que resulta em valor menor do que se fosse considerado o lucro real. A tendência é que o governo torne essa regra mais rígida. (EF)

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