São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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Para BC, inadimplência eleva custos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embora os juros básicos da economia estejam em 16% ao ano, as taxas cobradas pelos bancos continuam distantes desse valor, chegando a ultrapassar os 100% ao ano em casos como o do cheque especial. Para o Banco Central, a inadimplência é a principal responsável por essa larga diferença, conhecida como "spread" bancário ou diferença entre o custo de captação e o do empréstimo.
Estima-se que o atraso nos pagamentos explique 60% desse "spread". A avaliação foi feita a partir de dados do BC que mostram as taxas praticadas em diferentes modalidades de crédito concedidas a pessoas físicas.
Atualmente, segundo o BC, os bancos pagam, em média, 17% ao ano para captar recursos no mercado. Ao repassá-los a seus clientes na forma de empréstimos pessoais, porém, os juros cobrados chegam a 72,7% ao ano -a diferença, ou "spread", é de 55,6 pontos percentuais.
No caso do crédito em consignação, em que o pagamento das parcelas é feito por meio de desconto na folha de pagamento do devedor, as taxas são bem menores. Os juros, segundo o BC, são de 39% ao ano. O "spread", portanto, é de 21,9 pontos percentuais -60% menor do que no empréstimo pessoal.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a diferença entre as taxas praticadas nessas duas modalidades de crédito se explica pela inadimplência: nos empréstimos pessoais, em que o cliente não é obrigado a oferecer garantias reais de pagamento de sua dívida, a inadimplência atinge 12,2% dos débitos. No caso do crédito em consignação, ela é praticamente nula.
Segundo o BC, 7,4% dos empréstimos concedidos pelos bancos, em média, são pagos com, pelo menos, 15 dias de atraso -no início do ano, essa proporção estava em 8%. Essa taxa é maior no caso das pessoas físicas, em que a inadimplência atinge 13% das operações. Entre as empresas, ela é de 3,5%.
O "spread" também é influenciado por fatores como a carga tributária e a margem de lucro dos bancos.
Ainda segundo o BC, a procura por financiamentos com desconto em folha de pagamento tem crescido nos últimos meses. Em maio, o total desse tipo de crédito oferecido pelos bancos estava em R$ 7,8 bilhões, valor 8% maior do que o registrado em abril. Ao todo, os empréstimos direcionados a pessoas físicas somavam R$ 98,3 bilhões no mês passado.
Os números sobre o empréstimo em consignação foram entregues ao BC pelos dez bancos que, juntos, respondem por 75% do crédito pessoal disponível no país. As demais estatísticas se referem a todo o sistema financeiro.


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