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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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MONTADORAS

No momento em que pedem benefícios ao governo, fabricantes de automóveis querem reduzir força de trabalho

GM demite 450; sindicato "vai à guerra"

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Pátio da Volkswagem lotado de carros


DA REDAÇÃO

Depois de a Volkswagen anunciar que 3.933 de seus empregados no país estão ociosos e passarão por um período de transição para um novo emprego fora da empresa, a General Motors do Brasil demitiu ontem 450 trabalhadores, em sua unidade em São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo).
O número de dispensados poderia ser maior. O processo de demissões foi suspenso depois que o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos aceitou negociar proposta da empresa para conceder licença a 600 empregados, que se afastariam ganhando 80% de seus salários.
As demissões da GM acirraram as relações entre montadoras e metalúrgicos num momento em que as fabricantes de automóveis pressionam o governo por benefícios oficiais que as ajudariam a desovar seus estoques.
"O que a Volks e a GM fazem é chantagem", disse Fernando Lopes, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.
Os funcionários da Volkswagen de São Bernardo aprovaram estado de greve na fábrica -nas palavras deles, estão "preparados para a guerra". As atividades podem ser paralisadas, caso a montadora rompa acordo que prevê estabilidade até 2006 para os trabalhadores da unidade.
Em São José dos Campos, a GM propõe que 600 empregados ganhem uma bolsa de qualificação, com dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), correspondente a 20% do salário. A montadora pagaria outros 60%.
Os trabalhadores rejeitaram a proposta inicialmente. Agora, aceitam voltar a negociar.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem em São Paulo que as demissões da GM só seriam avaliadas pelo governo hoje.
Pela manhã, em Belo Horizonte (MG), o ministro havia dito que medidas emergenciais ajudariam as montadoras a desovar estoques. Ele negou que exista dentro do governo divergências sobre o tema, mas disse que a adoção de um programa desse tipo vai depender da aprovação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que está de olho no efeito que isso teria nas finanças públicas.
Além da Volks e da GM, a Renault também reclama de suas vendas no país. O presidente da montadora francesa, Louis Schweitzer, disse que o grupo "perde muito dinheiro no Brasil" e não vê "nenhuma saída no momento". As declarações foram dadas ao jornal "La Tribune".
A Renault já havia anunciado que abandonou o projeto de produzir um novo veículo em São José dos Pinhais (PR), onde a empresa opera há cinco anos.


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